A cantora e ex-BBB Manu Gavassi está sendo processada por integrantes do Movimento Brasil Livre, o MBL, por ter supostamente realizado um showmício a favor de Lula, candidato à presidência pelo PT, durante um evento em Natal neste final de semana.
Quem move a ação é Rubinho Nunes, vereador e pré-candidato a deputado federal por São Paulo, e Amanda Vettorazzo, também pré-candidata a deputada estadual pelo mesmo estado. No início deste mês, Rubinho já havia movido um processo igual contra a vencedora do BBB 21, Juliette, que também teria feito campanha para o presidente num show em Caruaru.
No caso de Gavassi, o tal "showmício disfarçado de evento cultural" se refere ao fato da cantora ter exibido uma estrela branca num telão vermelho durante o show, em referência ao símbolo do Partido dos Trabalhadores. Em seguida, ela fez uma postagem nas redes sociais, em que evidenciou seu voto nessas eleições: "Tendo um claro posicionamento político, laço no cabelo e bom senso crítico com vocês", escreveu. Em entrevista recente ela também já declarou abertamente seu voto em Lula.
"Seja por bem ou por mal, todos vão respeitar as regras eleitorais!", escreveu Rubinho em seu Twitter, ao se referir à ação. Ele pede que as postagens em que Gavassi mostra apoio ao PT sejam apagadas e ainda que ela pague multa por realizar o showmício.
No caso da lei eleitoral ser desrespeitada, as multas podem variar entre R$ 5.000 e R$ 25 mil, mas o caso parece estar adequado às liberdades dadas a artistas, já que a legislação não proíbe a manifestação política de nenhum cidadão.
A lei, sim, impede a realização de showmícios –que fariam parte da campanha política e são financiados pelos candidatos e seus partidos–, mas cantores podem se manifestar nas redes sociais, durante entrevistas, em apresentações individuais ou mesmo em festivais.
O show de Gavassi em Natal fazia parte de sua turnê "Eu Só Queria Ser Normal". Ao contrário de um showmício, o evento tinha o objetivo de entreter o público, e não de arrecadar votos. Contatada pela reportagem, a assessoria da artista não deu um posicionamento até a publicação desta reportagem.
Da mesma forma, no caso de Juliette, a festa onde ela cantava em Caruaru foi financiada pelo governo de Paulo Câmara, do PSB, enquanto a organização coube à prefeitura do município de Caruaru, de Rodrigo Pinheiro, do PSDB.
Como no caso do Lollapalooza, quando a cantora Pabllo Vittar manifestou apoio a Lula, o festival não contava com a apresentação nem tinha patrocínio de nenhum candidato ou partido político. As manifestações políticas ocorreram de maneira orgânica, ora vindas do público, ora vindas até de músicas de cunho político criadas sem ligação com o evento, diz Taís Gasparian, advogada que também representa a T4F.