Presa na última sexta-feira, Priscila Moreira Janes, de 30 anos, apontada como uma das líderes de uma facção carioca atuante no estado de Mato Grosso, deixou seu estado natal após ser jurada de morte por um grupo dissidente da organização. Conhecida como Mana Isa, a mulher foi descrita por agentes envolvidos na Operação Dissidência, da Força-Tarefa de Segurança Pública do MT, como ‘violenta e autoritária’ por determinar a execução de membros da facção sem provas.
Sua liderança teria provocado, então, uma cisão no grupo, o que acarretou na deflagração de um conflito entre as facções pelo controle do tráfico na cidade de Sorriso (MT) e arredores.
— Ela foi o ponto focal dessa guerra entre essas facções aqui no centro-norte do Mato Grosso. Isso porque ela atua de maneira muito violenta e autoritária, em que determinava a execução de integrantes mesmo, segundo os presos, sem provas que pudesse comprovar que esses integrantes teriam cometido uma infração perante a organização criminosa — explica o delegado da PF, Antonio Flavio Rocha Freire.
Em um informativo interno da facção dissidente que circulou em grupos de WhatsApp, e a qual o GLOBO teve acesso, Daniel Toscano da Conceição, o Índio, líder do grupo, atribui a crise a Mana Isa.
“Estamos sofrendo uma covardia aqui no Norte do MT onde estão nos decretando e matando irmãos e companheiros sem nenhuma avaliação certa, justa e correta. Já vem faz dias, na cidade de Sorriso, irmãos matando irmãos”, escreveu Índio, preso na mesma operação que Mana Isa.
A disputa entre os dois grupos acarretou em um aumento no número de homicídios na região. De acordo com a PF, na cidade de Sorriso, entre junho e julho, a média de homicídios foi de um a cada dois dias. Quando comparados os meses de julho de 2021 e 2022, o crescimento de assassinatos foi de 450%. Em 2021, foram dois mortos no município, contra 11 em 2022.
Após ser jurada de morte, Priscila Moreira Janes buscou refúgio na cidade de Macaé, no RJ. Lá, ela passou a usar uma identidade falsa. No momento da prisão, de acordo com fontes da PF, Mana Isa estava grávida. Ela foi detida no âmbito da Operação Dissidência, que prendeu outros 29 integrantes das quadrilhas rivais. Dessas, três foram em flagrante.
Os crimes foram investigados por uma Força-Tarefa do estado do Mato Grosso, formada pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal e incluem homicídios, tortura e tráfico de drogas. Além das 30 prisões, 26 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no âmbito da Operação Dissidência, da última sexta-feira.