A Comissão de Transparência do Senado votará, nesta terça-feira (11), a convocação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de institutos de pesquisa e cientistas políticos para explicar as divergências entre os levantamentos de intenção de voto e os resultados das urnas no primeiro turno das eleições. O requerimento do senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo no Senado, deve ser votado por volta das 14h.
Além de Moraes, o senador pede que sejam convocados a CEO do Ipec (ex-Ibope), Marcia Cavallari; o diretor do Datafolha, Mauro Paulino; o diretor da Quaest, Felipe Nunes e mais 11 pessoas. (veja a lista de quem pode ser convocado ao fim da reportagem).
"É preciso discutir seriamente esse tema, saber se tudo não passa de erros graves de metodologia ou se existe algo pior, como a intenção deliberada dos institutos e/ou de seus contratantes de manipular a opinião dos eleitores", defende o senador na justificativa do requerimento.
Se aprovada, essa audiência deve acontecer antes da instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Institutos de Pesquisa, que, embora tenha conseguido assinaturas suficientes para ser lida no plenário da Casa, ainda está sob análise do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo apurou a reportagem, ainda não há previsão para que a CPI seja lida em plenário e instalada. Isso porque existem outras seis CPIs na fila para abertura: desmatamento na Amazônia, ONGs que atuam na região Norte, obras inacabadas do Ministério da Educação (MEC) nos governos do PT, narcotráfico, crime organizado no Norte e Nordeste e atuação de pastores no MEC.
O Ipec realizou sete levantamentos de intenção de voto para o Palácio do Planalto em agosto. Considerando apenas os votos válidos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha 52% das intenções de voto. Com margem de erro de 2 pontos percentuais, o Ipec se aproximou do resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que registrou 48,43% dos votos para o petista.
Nos sete levantamentos do Ipec, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, manteve as intenções de voto em 37%. Com margem de erro de 2 pontos percentuais, Bolsonaro teria, no máximo, 39% dos votos. No entanto, ele terminou o primeiro turno com 43,20%. O mesmo aconteceu com o Datafolha, que previa na última pesquisa que Bolsonaro tivesse 36% das intenções de votos, contra 50% de Lula.
Ao R7, o Ipec disse que as pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas e que quando efetuadas continuamente ao longo do processo eleitoral são capazes de apontar tendências, "mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá".
O Datafolha foi igualmente questionado pela reportagem, mas não retornou o contato até a última atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.
Veja os nomes que podem ser convocados para a audiência pública na Comissão de Transparência:
- Ministro Alexandre de Moraes – presidente do TSE;
- Dulio Novaes – presidente da Abep;
- Marcia Cavallari Nunes – CEO do Ipec (ex-Ibope);
- Rodolfo Costa Pinto – sócio-diretor e coordenador do Poder360;
- Mauro Paulino – diretor do Datafolha;
- Felipe Nunes – diretor da Quaest;
- Andrei Roman – CEO da AtlasIntel;
- Marcelo Tokarski – diretor do FSB;
- Murilo Hidalgo – diretor-presidente da Paraná Pesquisas;
- Marcelo Souza – diretor do MDA;
- José Luiz Soares Orrico – fundador e diretor da Futura Inteligência;
- Erinaldo Aparecido Patrício – diretor de pesquisas e análise e investigação de mercado do Instituto Brasmarket;
- Antonio Lavareda – cientista político e diretor do Ipespe;
- Paulo Kramer – cientista político;
- Fábio Gomes – sociólogo e especialista em pesquisas.