A produção industrial recuou 0,7% em setembro, na comparação com agosto, a segunda taxa negativa consecutiva, de acordo com dados apresentados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com a sequência negativa, o setor responsável por cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) encontra-se 2,4% abaixo do patamar pré-pandemia e 18,7% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
No mês, houve redução da atividade em 21 dos 26 ramos industriais pesquisados, o que corresponde a uma redução no ritmo do setor. "Com esses últimos resultados e um perfil bem disseminado de recuo na produção em setembro de 2022, entendemos que houve perda no ritmo da produção nos últimos meses”, analisa André Macedo, gerente da pesquisa.
Em relação a setembro de 2021, a indústria assinalou avanço de 0,4%. No índice acumulado no ano, houve queda de 1,1% e, nos últimos 12 meses, de 2,3%, de acordo com a PIM (Pesquisa Industrial Mensal).
A maior influência negativa entre as atividades de setembro foi da indústria de produtos alimentícios (-2,9%), seguida por metalurgia (-7,6%) e coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-2,6%). Macedo recorda que o ramo de produtos alimentícios apresenta dois meses consecutivos com queda na produção, totalizando um recuo de 6,1%.
"Destaco que nos três meses anteriores a esses dois recuos, essa atividade havia apresentado crescimento de 6,7% de forma acumulada. Produtos derivados de soja, açúcar e carnes de aves são itens importantes no entendimento dessa queda no setor alimentício em setembro”, comenta ele.
Já o setor de metalurgia assinalou em setembro de 2022 a queda mais intensa desde janeiro de 2021 (-9,9%) nesse tipo de comparação. “Mas é importante lembrar que esse segmento industrial vem de dois meses com resultados positivos, acumulando 2,4% nesse período. O setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis acumula redução de 6,9% em dois meses seguidos de perda e foi pressionado, nesse mês, pelos derivados do petróleo e álcool”, explica o pesquisador.
“Esse perfil disseminado de queda na produção, com apenas 5 setores avançando seu ritmo produtivo, não era observado desde janeiro de 2022, quando apenas 4 segmentos industriais mostraram crescimento", completa Macedo.
Entre as atividades que crescem, o setor extrativo (1,8%) é o de maior impacto positivo, com destaque para os avanços na extração dos óleos brutos de petróleo, gás natural e os minérios de ferro. Entre as grandes categorias econômicas, todas mostraram recuo na produção em setembro.