Os candidatos estão queimando os últimos cartuchos para as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, que acontecem em 8 de novembro e nas quais os republicanos partem com vantagem, segundo as pesquisas. Um pleito que pode ser decisivo para o futuro político do presidente Joe Biden.
As pesquisas consideram provável que uma "onda vermelha" republicana deixe o partido de Biden sem a maioria na Câmara dos Representantes. No Senado, que renova um terço dos cem membros, a situação é mais incerta.
A economia é o principal empecilho para os democratas nestas eleições, nas quais também serão eleitos cerca de 30 governadores estaduais.
A inflação anual de 8,2% desbancou o direito ao aborto como prioridade dos eleitores, obrigando os democratas a reformularem as mensagens finais para dizer que os americanos economizarão dinheiro se votarem neles.
Os democratas também afirmam que adversários querem reduzir direitos, que a ala mais à direita do Partido Republicano representa uma ameaça e que o ex-presidente Donald Trump teria responsabilidade na invasão do Capitólio em 2021.
Enquanto isso, os republicanos mantêm o foco na violência urbana, um tema que os ajudou a obter avanços em alguns swing states (estados oscilantes, em tradução livre), aqueles cujo voto oscila entre um partido e outro. Eles acusam os democratas de serem brandos contra o crime.
Na reta final da campanha, os republicanos parecem ganhar terreno nos redutos democratas, com candidatos que aproveitam qualquer oportunidade para tentar conquistar uma cadeira que, em outros tempos, estaria fora de alcance.
Estrategistas de ambos os partidos veem como distritos de Nova York, Oregon e Connecticut, onde Biden ganhou por dois dígitos de diferença em 2020, voltam a estar em disputa.
"Pensamos, por um momento, que poderíamos desafiar a gravidade, mas a realidade está se impondo", disse Sean McElwee, diretor-executivo da Data for Progress, uma empresa de pesquisa com vínculos com a esquerda, ao jornal The New York Times.
Atualmente, o Senado está nas mãos dos democratas por apenas um voto, o da vice-presidente Kamala Harris.
Nos estados de Pensilvânia, Arizona e New Hampshire, os democratas estão na frente nas pesquisas por pouco e viram a vantagem diminuir.
Já os republicanos lideram as intenções de voto em Nevada, onde a campanha está muito apertada, e em Winsconsin.
Na Geórgia, as pesquisas indicam vantagem para o lado vermelho mesmo com as polêmicas em torno da campanha de Herschel Walker. Candidato republicano ao Senado, ele se declara antiaborto, mas é acusado de pagar e pressionar uma companheira para que interrompesse a gestação.
Segundo as pesquisas, a maioria dos eleitores de origem latina também votará nos democratas, mas os republicanos vêm ganhando terreno nessa comunidade.
Mais de 21 milhões de pessoas de 46 estados já votaram, mas os resultados eleitorais podem demorar dias em alguns estados.
Se os republicanos recuperarem qualquer uma das casas legislativas, eles prometem realizar investigações contra o governo Biden. Entre outros, seriam alvos dos republicanos o próprio presidente e o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas.
As eleições de meio de mandato acontecem dois anos depois das presidenciais e são uma espécie de "referendo" sobre a gestão da Casa Branca.
Perder o controle do Congresso seria um duro golpe para Biden, caso busque disputar a reeleição em 2024. O presidente tem participado ativamente da campanha e também tem contado com a ajuda de outro peso-pesado do partido, o ex-presidente Barack Obama, de quem foi vice.
Trump também está em campanha, ignorando as investigações contra si.
Alguns republicanos estão preocupados, porém, com a possibilidade de que a margem de vitória seja reduzida, se alguns candidatos apoiados por Trump perderem. Ainda assim, a maioria do partido se mantém firme ao lado do ex-presidente.