Após uma reunião com assessores e secretários na noite de ontem (17), no Centro de Operações Rio, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, avaliou que o sistema de drenagem da cidade conseguiu suportar o volume de chuva durante o temporal da da última quinta-feira (15). O prefeito afirmou, por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa da prefeitura, que o temporal foi "sem precedentes nos últimos 100 anos".
"Nossos reservatórios na Zona Norte não chegaram a transbordar, e foi satisfatório. No dia seguinte de manhã, na Fazenda Botafogo, a drenagem conseguiu que as águas tivessem um nível muito menor. Na Zona Oeste, no Jardim Maravilha, houve um tempo de escoamento maior, devido ao bairro estar bem abaixo da linha do mar, numa chuva que há décadas não caía sobre o Rio", avaliou Crivella, que estava em viagem à Europa entre o útlimo domingo e a sexta-feira.
O Jardim Maravilha, que tem quase 70 mil moradores, foi um dos locais mais afetados pela chuva no Rio de Janeiro, e permaneceu alagado horas após o dia amanhecer na última quinta-feira. Milhares de famílias tiveram suas casas alagadas e perderam bens. Moradores ouvidos pela Agência Brasil pediram obras urgentes de saneamento.
Outros bairros da zona oeste como Campo Grande e Jacarepaguá também estão entre que sofreram maiores danos, além da Ilha do Governador, na zona norte.
A cidade permanece em estágio de atenção desde a madrugada de quinta-feira (15), quando a enxurrada deixou quatro mortos e 2 mil pessoas desabrigadas nas zonas norte e oeste do Rio de Janeiro. Durante o temporal da quinta-feira, a estação Barra da Tijuca/Riocentro registrou 123,6 milímetros (mm) de chuva entre 0h e 1h, o maior volume já constado desde 1997, quando o sistema Alerta Rio começou a armazenar os dados.
A chuva derrubou 1,3 mil árvores e causou danos em diversos pontos da rede elétrica, o que, de acordo com a concessionária Light, chegou a deixar 20% dos clientes da cidade sem luz. A empresa ainda trabalha para normalizar o fornecimento, mas afirma que no momento restam apenas situações isoladas, sem grandes trechos de bairros afetados.
MP-RJ investiga viagens
A viagem de Crivella ao exterior virou objeto de investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva instaurou na sexta (17) um inquérito civil para apurar supostas irregularidades nas viagens internacionais do prefeito.
O promotor de Justiça Salvador Bemerguy vai averiguar se as viagens foram custadas pelos cofres do município e se estavam associadas ao interesse público. O MP-RJ vai pedir que seja listada a justificativa oficial de cada viagem e a comitiva que acompanhou o prefeito.
Em novembro do ano passado, a prefeitura elevou em 46% o valor das diárias pagas aos agentes públicos em viagens oficiais ao exterior. No caso do chefe do Executivo, o valor da diária em deslocamentos para Europa foi reajustado de 297,27 para 435,87 euros. Em viagens fora da Europa a diária foi de US$ 280 para 410,55.
Por meio de nota, a prefeitura afirmou que Crivella esteve na Europa para conhecer drones que podem ser usados para melhorar a segurança do Rio de Janeiro.
"Fui à Europa, numa viagem cansativa, porque nós precisamos de mais informações. O COR [Centro de Operações] tem câmeras ligadas pela cidade, mas não sabemos, por exemplo, o que acontece nas comunidades carentes. Se a gente colocar câmeras lá, elas serão alvejadas. Fomos a esses países conhecer seus drones, que são equipamentos que podem, de uma altura que não serão derrubados pelo crime organizado, nos dar informação de onde está o crime e como está se desenvolvendo", diz o prefeito no texto. Com informações da Agência Brasil.