Três sobreviventes, incluindo um adolescente de 14 anos, foram retirados dos escombros em Antakya, sul da Turquia, mais de 10 dias após um terremoto que devastou a região, informaram nesta sexta-feira (17) as autoridades locais e a imprensa turca.
Mustafa, 33 anos, e Mehmet, 26, foram resgatados 261 horas depois do terremoto, informou no Twitter o ministro da Saúde, Fahrettin Koca.
O canal CNN Türk identificou os sobreviventes como Mustafa Avci e Mehmet Ali Sakiroglu.
Um pouco antes, um adolescente de 14 anos que passou 260 horas sob os escombros foi retirado das ruínas do edifício em que morava no centro da cidade de Antakya "após muitos esforços", informou o ministro.
Koca disse que o adolescente, Osman, foi submetido a uma cirurgia em um hospital da província, mas não explicou a gravidade do quadro do resgatado. As autoridades divulgaram uma foto em que ele aparece consciente.
"Nosso irmão Mustafa lembrou o número de telefone de um parente e fez uma ligação", disse o ministro, que divulgou um vídeo do momento.
Nas imagens o jovem pergunta: "Você está bem, mãe?". Em seguida sorri quando a pessoa, chorando, responde: "Todos estão bem".
O balanço oficial mais recente do terremoto de 7,8 graus de magnitude que atingiu Turquia e Síria em 6 de fevereiro supera 41 mil mortes.
Na cidade milenar de Antakya, conhecida também como Antioquia e localizada no sul da Turquia, 14 séculos de história foram arrasados pelo terremoto que deixou mais de 35 mil mortos neste país e na vizinha Síria.
O pináculo da cúpula de Habib-i Neccar, a mesquita mais antiga da Turquia, está caído no chão, sobre os destroços que cobrem o salão de oração.
Habib-i Neccar foi construída em 638 e era considerada 'a primeira mesquita construída dentro das fronteiras da atual Turquia', segundo o governo turco.
Só restaram as paredes externas. Os escritos no interior e grande parte da pintura amarela, vermelha e azul desapareceram.
'Uma caixa guardava fragmentos da barba do profeta Maomé', disse, preocupada, Havva Pamukcu, uma mulher de cerca de 50 anos.
A cerca de 100 metros, a Igreja Ortodoxa Grega, fundada no século 14 — e reconstruída em 1870 após um terremoto —, sofreu ainda mais. A cruz branca que dominava o teto do edifício caiu em meio a um caos de pedras e tábuas.
'Todas as paredes ruíram. Estamos desesperados', lamenta Sertac Paul Bozkurt, membro do conselho que administra o local.
Muitas ruas da cidade velha ficaram inacessíveis, bloqueadas por destroços dos edifícios que desabaram. Antakya, antiga Antioquia, fundada no ano 300 antes de Cristo por um general de Alexandre, o Grande, abrigou os impérios grego, romano, bizantino, persa, árabe e otomano. Chegou a ficar sob o mandato francês entre o fim da Primeira Guerra Mundial e 1939, quando a cidade foi devolvida à Turquia.
Histórico de terremotos
Muitas ruas da cidade velha ficaram inacessíveis, bloqueadas por destroços dos edifícios que desabaram. Antakya, antiga Antioquia, fundada no ano 300 antes de Cristo por um general de Alexandre, o Grande, abrigou os impérios grego, romano, bizantino, persa, árabe e otomano. Chegou a ficar sob o mandato francês entre o fim da Primeira Guerra Mundial e 1939, quando a cidade foi devolvida à Turquia.
A Turquia e a vizinha Síria estão situadas sobre três placas tectônicas, o que explica os numerosos terremotos. Seis locais considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco estão na região afetada por essa nova catástrofe.
É o caso de Aleppo, na Síria, que já foi destruída 'cerca de 60% em 1822 por um terremoto', recorda Youmna Tabet, do Departamento de Patrimônio Mundial. Sua cidadela sofreu agora 'importantes danos', afirma a agência da ONU
Já na parte turca, 'parece que não houve muitos danos', afirma Maria Liouliou, que trabalha com Tabet.
Para Samir Abdulac, do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, uma ONG que defende a conservação desses lugares no mundo, será preciso analisar a gravidade dos danos, mesmo nos locais que não fazem parte da lista da Unesco.