Mais do que nunca, o consumidor precisa pesquisar preços antes de fazer suas compras, principalmente dos produtos típicos da Páscoa, como os peixes, tradicionais na refeição da Sexta-Feira Santa, e os ovos de chocolate, que costumam ser dados como presente para as crianças no domingo do feriado. Pesquisas realizadas por diversas entidades mostram que a variação de preço do bacalhau pode chegar a 332%, e a dos ovos de Páscoa, a 320%.
O Procon-SP encontrou diferenças significativas entre os preços dos chocolates, tanto ovos quanto tabletes e bombons. Na pesquisa realizada em sites de varejo, o órgão de defesa do consumidor verificou variação de até 320,46% nos preços dos ovos de Páscoa, de 116,31% no custo dos tabletes, e, entre os bombons, as diferenças chegaram a 65,54%.
Por isso, a recomendação é para o consumidor pesquisar preços e ficar atento a outras especificações dos produtos, especialmente daqueles voltados às crianças, que devem ter o selo do Inmetro e a indicação da faixa etária para a qual são considerados apropriados.
As maiores diferenças de preço entre os estabelecimentos foram do ovo de Páscoa Crocante da fabricante Garoto, de 215 g, que custava R$ 36,90 em um local e, em outro, estava à venda por R$ 155,15, valor 320,46% maior. Do mesmo fabricante, o tablete Talento Recheado Avelã de 85 g era vendido por R$ 15,12 em um ecommerce e, em outro, por R$ 6,99, uma diferença de 116,31%.
O pacote de bombom Ouro Branco, de 1.000 g, da Lacta, tinha preço de R$ 74,99 anunciado em um site, mas em outro custava R$ 45,30 (65,54% a menos).
O Procon-SP calculou o preço médio do quilo dos três tipos de produto, tomando como base o valor médio dos itens pesquisados: o custo médio do quilo dos ovos de Páscoa que estão à venda na internet ficou em R$ 361,97; o dos bombons, em R$ 142,63; e a média de preço dos tabletes era de R$ 81,31. Segundo o órgão, essas informações facilitam a comparação e ajudam o consumidor a escolher as opções mais baratas.
Na comparação entre os produtos comuns na pesquisa deste ano e na de 2022, foram observados, em média, acréscimos de 37,77%, 14,04%, e 4,37% nos preços dos ovos de Páscoa, dos bombons e dos tabletes de chocolate, respectivamente. Como referência, o órgão usou o IPC-SP (Índice de Preços ao Consumidor), da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), referente ao período de março de 2022 a fevereiro de 2023, que registrou variação de 6,71%.
A pesquisa dos produtos que compõem a cesta de Páscoa, realizada pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) e divulgada na quarta-feira (29), concluiu que a lista com os itens está 14,8% mais cara do que a do ano passado.
Quem liderou a alta foi a cebola, com 36,2% de aumento no período. Também ficaram mais caros no acumulado entre a Páscoa do ano passado e a deste ano as cervejas, que subiram 10,9%, os refrigerantes (15,7%), a batata (11,7%), o arroz (14,7%), o bombom (11,15%) e o chocolate (10,2%). O único produto da cesta que ficou mais barato nessa comparação foi a corvina, que caiu 7%.
“Cada supermercado tem uma negociação com a indústria. É vital que o consumidor faça a sua lista de compras e pesquise os preços no maior número de lojas possível, aproveitando ao máximo as promoções típicas da época”, disse Carlos Correa, diretor-geral da Apas, em nota.
A Páscoa é a segunda data de maior venda no setor supermercadista do Brasil, atrás apenas do Natal. A Apas estima crescimento de 4,5% nas vendas de Páscoa deste ano, motivado pela desaceleração nos preços dos alimentos aliada ao aumento da renda da população.
Um dos pratos típicos do almoço de Páscoa, o bacalhau, corre o risco de não ir para as mesas dos brasileiros neste ano. O produto, que costuma ser importado da Noruega e de outros países de clima frio, está custando ainda mais caro do que nos anos anteriores, o que se deve a um conjunto de fatores.
Fábio Pizzamiglio, da Efficienza Negócios Internacionais, explica que a alta dos preços do bacalhau ocorre por conta da escassez do produto, do aumento do dólar e da desestabilização do setor de pesca, bastante afetado durante a pandemia da Covid-19.
Um levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que o preço do bacalhau importado subiu 86% na comparação com o da época da Páscoa de 2022, o que deve diminuir as importações em 32% neste ano.
Internamente, o preço do quilo do bacalhau pode variar muito de uma região para outra, segundo mostra a pesquisa realizada pelo Mercado Mineiro, de Belo Horizonte (MG). O bacalhau tipo cod, que custava R$ 152,68, teve aumento de 12,37% e já é encontrado à venda por R$ 171,57. O do tipo porto imperial passou de R$ 177,88 para R$ 196,43, uma elevação de 10,43%, e o bacalhau tipo saithe, que era vendido por R$ 78,83, não sai por menos de R$ 83,32, aumento de 5,7%.
Além disso, o consumidor tem de ficar atento, pois o bacalhau encontrado no comércio brasileiro nem sempre é o "verdadeiro". Há estabelecimentos que, devido ao alto custo, vendem peixes de outras espécies como se fossem bacalhau, mas não são. Somente os das espécies Gadus morhua e Gadus macrocephalus são considerados legítimos: o primeiro é mais conhecido no país como porto ou porto mohua, e o segundo, como portinho ou codinho.
Em Goiás, uma pesquisa dos preços dos peixes feita pelo Procon local mostrou uma variação de até 332% e um aumento médio de 58% em alguns produtos, na comparação com os do ano passado. A mercadoria com a maior variação foi o bacalhau tipo saithe, que pode custar entre R$ 34,90 e R$ 150,90, uma diferença de 332% para o mesmo produto. Já o quilo do Gadus morhua varia entre R$ 99,00 e R$ 239,90.
O bacalhau dessa mesma espécie é vendido em São Paulo por preços que ficam entre R$ 149,00 a R$ 290,99 o quilo, enquanto o do tipo saithe apresenta variação de R$ 26,90 a R$ 81,90.
No Rio de Janeiro, o preço do quilo do Gadus morhua começa em R$ 132,50 e pode chegar à casa dos R$ 315,90. No tipo saithe, a variação é menor, entre R$ 28,90 e R$ 75,90 o quilo.
Um levantamento do Procon-PB, a Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor da Paraíba, verificou que o quilo do lombo de bacalhau em João Pessoa está custando entre R$ 74,50 e R$ 99,99. Já o Procon da Bahia informou que, em Juazeiro, o quilo do bacalhau tipo saithe varia entre R$ 52,90 e R$ 59,90.
Segundo a apuração da Apas, o preço do bacalhau nos supermercados subiu 7,4% no acumulado dos últimos 12 meses
Com o aumento do preço do alimento que é o prato principal da Semana Santa, boa parte dos brasileiros está usando a criatividade para encontrar alternativas para substituir o bacalhau. A solução pode estar no consumo de outros peixes, e os que costumam ser mais procurados nesta época do ano são apirapema, merluza e piraúna, ou os de água doce, como o pintado, o surubim e o pirarucu.
Mesmo assim, o consumidor pode ter algumas surpresas. Em Belo Horizonte, por exemplo, o quilo da tainha, que custava em média R$ 25,90, subiu para R$ 39,90, aumento de 28%. O filé de merluza, que custava R$ 26,79 por quilo, foi para R$ 32,76, alta de 22%.
“Além do aumento do bacalhau, os brasileiros enfrentam alta nos preços de outros ingredientes, como os ovos, o que tem levado as famílias a buscar opções mais acessíveis para o almoço de Páscoa", diz Pizzamiglio, da Efficienza. Ele também cita a azeitona preta e o azeite como itens que devem pesar mais na cesta.
“É claro que ainda podemos ver uma diminuição nos valores, mas, enquanto tivermos o dólar alto e os custos gerais elevados, manter as tradições desse período será complexo”, afirmou.
Além de comparar os preços dos diversos estabelecimentos, o Procon-SP diz que é importante que os consumidores levem em considerando a relação entre o custo, a qualidade e o peso do item.
"Nas lojas virtuais, deve-se considerar também o valor do frete e lembrar que, no caso de produtos licenciados com personagens, em geral, o preço costuma ser mais elevado em função desse licenciamento", diz o órgão em comunicado.
Para quem está com o orçamento apertado, a orientação é substituir os tradicionais ovos de Páscoa por caixas de bombons e tabletes de chocolate, que quase sempre têm preços mais atrativos.
Sobre os ovos de Páscoa que trazem brinquedos em seu interior, é obrigatório que, na embalagem, venha impressa a frase “Atenção: contém brinquedo certificado no âmbito do Sistema Brasileiro da Avaliação da Conformidade”. A indicação de faixa etária ou a informação de que não existe restrição de idade para o consumo do produto também deve constar.
É necessário que o brinquedo que vem como brinde tenha o selo do Inmetro em sua embalagem, a identificação do fabricante ou importador (nome, CNPJ, endereço), instruções de uso e de montagem (quando for o caso) e alerta sobre eventuais riscos que possam apresentar à criança.