Abel Ferreira foi firme.
Não deixou que a campanha perfeita do Palmeiras no Paulista o impressionasse. Chegar à final, de forma invicta, contra o Água Santa, não tirou o foco da necessidade absoluta de reforçar seu time para o grande objetivo, a Libertadores da América.
Além, é óbvio, da chance de lutar pelo Brasileiro e da Copa do Brasil.
Sem Gustavo Scarpa, que foi para a Inglaterra, o treinador português apelou para Endrick, Tabata, Breno Lopes e ainda Mayke.
Estava claro que o trabalho de dois meias de 2022, como Scarpa e Veiga, deu muito certo. O versátil 4-4-2 se mostrou muito mais efetivo do que o 4-3-3.
Depois de muito estudar o mercado e analisar vídeos de jogadores sul-americanos, Abel continuava decidido por um brasileiro. E que já havia atuado no Palmeiras. E que não sairia do clube, de jeito nenhum, se ele tivesse chegado dez meses antes. Não faria como Vanderlei Luxemburgo, que aceitou que o presidente Mauricio Galiotte o vendesse por 6 milhões de euros, cerca de atuais R$ 33,5 milhões.
Abel foi direto com Anderson Barros e com a presidente Leila Pereira. Artur era imprescindível para os planos de novas conquistas em 2023.
E começou o assédio, com ótima recepção do jogador, muito interessado em voltar ao Palmeiras. E mostrar o erro que foi sua dispensa.
O treinador Pedro Caixinha, que tem no atleta um dos pilares do time, percebeu que ele mudou sua personalidade. O também português reclamou ontem que o atleta passou a receber ligações de pessoas importantes do Palmeiras. Deixa no ar que poderia ser até de Abel Ferreira.
E teriam atrapalhado o desempenho de Artur contra, por exemplo, o Água Santa, na semifinal do Paulista, que o time acabou perdendo, deixando de decidir o título com o próprio Palmeiras.
"A partir do momento em que começaram a existir todas essas situações de “O Artur vai", "o Artur não vai", "o Artur vai para o Palmeiras"...
"Pessoas do Palmeiras contataram o Artur. Eu tenho tido aqui situações, ainda agora estou para ter. Não vou falar, obviamente, delas, porque não estão concretizadas.
"Mas eu não peguei o telefone para falar diretamente com o jogador que não é do meu clube. Eu não faço isso. E, muito menos, a fazê-lo em um momento em que eu possa enfrentar esse clube em uma determinada final.
"E isso aconteceu. Quando isso aconteceu, obviamente o estado emocional do jogador, querendo fazer e ainda hoje querendo fazer, as coisas não saem. Porque não é o Artur que você viu nas primeiras rodadas do Paulista. Não é o Artur que você conhece, porque emocionalmente estava perturbado."
Artur foi claro com a direção do Red Bull Bragantino. Decidiu jogar no Palmeiras, queria sair. A sua postura teve um peso enorme na decisão dos dirigentes.