O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) aceitou o pedido do MP (Ministério Público) e tornou a aluna de medicina da USP (Universidade de São Paulo) ré por estelionato. Alícia Dudy Muller Veiga é acusada de desviar quase R$ 1 milhão da comissão de formatura de sua turma.
Em nota ao R7, o TJ confirmou a informação e afirmou que o processo tramita em segredo de justiça. A jovem foi denunciada por oito estelionatos consumados, como mostra o documento do MP, assinado pelo promotor de justiça Fabiano Pavan.
Em fevereiro, o MP havia feito um pedido de prisão preventiva de Alícia pelo golpe, mas a Justiça não aceitou.
Relembre o caso
Alunos da Faculdade de Medicina da USP denunciaram terem sido vítimas de um golpe de aproximadamente R$ 1 milhão da poupança da formatura. Alícia, de 25 anos, era presidente da comissão e teria tirado o dinheiro que estava sendo enviado à empresa responsável pelo evento.
A jovem informou aos alunos, na época, que teria investido o valor em uma empresa, mas que teria sido vítima de golpe. Ela afirmou, ainda, que outra parte do dinheiro teria sido usado para pagar um advogado.
Revoltados, os estudantes abriram um boletim de ocorrência contra Alícia que, após a repercussão do caso, ficou um tempo sumida.
Durante as investigações, a polícia descobriu que ela teria usado o dinheiro da festa de formatura em gastos pessoais, além de ter apostado diversas vezes na loteria. Quando ela finalmente decidiu prestar depoimento, confessou o crime.
Temendo o pior, a jovem chegou a ficar afastada da faculdade, mas voltou às aulas no início deste mês, em outra turma.
Veja nota do TJ-SP na íntegra:
"Informamos que, na última terça-feira (28), foi recebida a denúncia do MPSP contra Alícia Dudy Muller Veiga pelo crime de estelionato. Esse processo tramita em segredo de justiça, sendo essas as únicas informações que podemos passar."
Suspeita de golpe em formandos da USP não é caso isolado.
A denúncia feita por estudantes de medicina da USP de que teriam sido vítimas de um golpe por parte da aluna que chefiava a comissão de formatura, Alicia Dudy Müller Veiga, de 25 anos, traz à tona uma ocorrência comum: a não realização de festas de formatura contratadas em razão de golpes ou de falência dessas firmas.
A investigação que ocorre atualmente em São Paulo apura se Alicia teria desviado cerca de R$ 1 milhão arrecadado pelos alunos para a festa. A polícia já pediu a quebra de sigilo bancário dela e conseguiu identificar que foram realizadas três transferências com o dinheiro da comissão: uma de R$ 604 mil para a própria conta de Alicia e outras duas, de R$ 145 mil e R$ 175 mil, para contas de terceiros. A jovem afirma que retirou o dinheiro que estava depositado sob os cuidados da empresa que faria a festa de formatura porque ele não estaria rendendo como ela queria. Segundo a polícia, ela alega ter feito outros investimentos, mas também perdeu parte da quantia na loteria e em gastos pessoais. A polícia investiga ainda se ela tentou enganar os funcionários de uma lotérica ao fazer uma transferência em valor irrisório.
Em outubro de 2022, universitárias do Rio de Janeiro afirmaram que a empresa Rio2 Formaturas não cumpriu o contrato e deixou o grupo sem a festa na data combinada. Elas alegavam atraso de quatro meses e prejuízo de R$ 150 mil pela não realização do baile, um churrasco e também do serviço de fotos. À época, a Rio2 Formaturas informou à Record TV que o setor jurídico enviaria uma nota à imprensa para explicar as festas pendentes.
Em Belo Horizonte, os alunos de uma faculdade estavam se preparando para a festa de formatura, em março de 2017, quando a empresa organizadora mandou uma mensagem para cancelar o evento. O aviso foi feito três dias antes da festa. A empresa foi alvo de ao menos três processos judiciais: um por rescisão de contrato e os outros por danos morais e materiais. Os 18 formandos deram queixa na polícia. Eles pagaram cerca de R$ 57 mil para a empresa contratada para o baile. Em abril daquele ano, os alunos brigavam pela realização do evento, que ainda não tinha sido realizado.
Em 2012, estudantes de 15 escolas de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, acabaram em uma delegacia. Quando chegaram ao local do baile na data marcada, eles depararam com as portas do espaço fechadas. Ainda em traje de gala, eles foram prestar queixa na delegacia contra a empresa Lilitty Eventos. A empresa negou golpe e prometeu uma nova festa. A proprietária à época, Liliane Venâncio, acabou indiciada por estelionato.