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Drogas como a K9 causam dependência imediata e podem matar; entenda

Entorpecentes sintéticos feitos em laboratório são letais e chamados de 'crack do futuro' por especialistas

Data: Sexta-feira, 14/04/2023 15:43
Fonte: Sandra Lacerda*, do R7, com Record TV

As drogas do tipo K — também conhecidas como "supermaconha”, Spice, Space, Zen, Crazy Monkey — estão se popularizando cada vez mais entre os usuários de drogas, principalmente da Cracolândia, no centro de São Paulo. Especialistas ouvidos pelo R7 dizem que esse entorpecente é considerado “o crack do futuro”. 

As drogas K são feitas em forma líquida, com uma mistura de substâncias químicas, e são borrifadas em diversos meios para o consumo. Quando no papel, é chamada de K2; quando em tabaco, é K4; quando misturada a outras drogas, como crack, cocaína e maconha, é chamada de K9, sendo essa a mais letal de todas.

“É um efeito viciante. Parece crack, é viciante mesmo”, relatou um usuário da K9 em entrevista à Record TV. Devido à ação do entorpecente, a droga chegou a ser proibida pela facção que comanda o crime organizado em São Paulo, mas voltou a ser distribuída de forma descontrolada na região central.

Drogas K

Diferentemente da maconha orgânica, que é a planta Cannabis em sua forma natural, a maconha sintética é um composto químico semelhante aos derivados da planta, porém produzido em laboratório e com efeitos muito mais potentes no organismo.

O psiquiatra Fabio Scaramboni afirma que esse entorpecente não é derivado da planta Cannabis, mas uma substância sintetizada em laboratório e que causa ainda mais dependência química, assim como o crack. Ela é “até cem vezes mais potente que a maconha natural”, de acordo com o especialista.

Esses compostos são feitos de grandes quantidades de THC (tetrahidrocanabinol), a principal substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis. “O objetivo inicial do desenvolvimento das variações era entender a ação da molécula no organismo; porém, hoje os compostos são utilizados para fins ilícitos”, explica a especialista em farmacologia e mestre em farmácia Maéli Civa.

A profissional ainda explica que elementos que não são totalmente conhecidos acabam sendo misturados com plantas alucinógenas e outras drogas sintéticas, como ecstasy. Assim, os efeitos são muito potentes e duradouros e podem ter atuação oposta nas pessoas. 

Efeitos das drogas K

A farmacêutica diz que o THC presente na droga apresenta efeitos duplos: "Algumas pessoas podem ter quadros de euforia, alucinação e paranoia, com alteração de consciência; e outras podem ter sonolência, tontura, relaxamento muscular, ansiedade e convulsões severas”.

Os efeitos dos entorpecentes são devastadores, podem durar horas e, inclusive, levar à morte. "Esses efeitos do THC sintético danificam o sistema cerebral e desencadeiam convulsões extremamente severas, o que pode levar os usuários a óbito", explicou Maéli.

A dependência das drogas K é imediata, de acordo com o psiquiatra Fabio Scaramboni, e já no primeiro uso as consequências são gravíssimas, principalmente no caso de crianças que ainda estão desenvolvendo as funções cerebrais.

“Esses entorpecentes ocasionam maior potencial de toxicidade neuropsiquiátrica e risco de morte, com consequências devastadoras em crianças e adolescentes, visto que, nessa faixa etária, essa população ainda se encontra em processo de amadurecimento de estruturas cerebrais e redes neurais”, explica Wélissa Moura, psiquiatra do Caps (Centros de Atenção Psicossocial).

Apoio a pessoas viciadas

A Prefeitura de São Paulo, por meio da SMS (Secretaria Municipal da Saúde), disponibiliza 470 UBS (Unidades Básicas de Saúde) e Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da capital como portas de entrada para o cuidado em saúde mental, sendo os Caps Álcool e Drogas e os Caps Infantojuvenil referências no atendimento de pessoas com problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas em suas respectivas faixas etárias. 

De acordo com a SMS, em 2022 foi realizado mais de 1,95 milhão de procedimentos nas unidades do Caps. O serviço de saúde é de caráter aberto e comunitário, formado por uma equipe multidisciplinar composta de médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos, assistentes sociais, educadores físicos e outros profissionais que avaliam o quadro clínico de cada paciente e indicam o tratamento adequado. Os casos tratados são previamente agendados e espontâneos.

"A fim de evitar a dependência química, os Caps atuam com foco na informação de riscos e consequências, prevenção e tratamento de comorbidades psiquiátricas e suporte social adequado", explicou a SMS.