Uma nova espécie de fungo foi descoberta por um grupo de pesquisadores na Mata Atlântica, durante uma documentação de biodiversidade e busca de novas espécies no Rio de Janeiro.
O esforço científico resultou no achado do fungo parasita da espécie Purpureocillium aff. atypicola, que ainda não foi oficialmente catalogada.
O organismo foi identificado parasitando uma aranha-de-alçapão, mas não da mesma maneira que o Cordyceps — famoso pelo jogo e a série The Last of Us, que infecta e controla o animal ainda vivo, fazendo com que se mova e espalhe os poros por outros lugares. O efeito é conhecido como "formiga zumbi".
No caso do novo fungo, de cor roxa, a ação de parasitismo acontece com o animal sem vida, o que torna a ação um pouco diferente.
A nova espécie identificada é da mesma família Cordycipitaceae, conhecido por causa da franquia. Apesar disso, são de gêneros diferentes, o que em uma pesquisa científica faz toda a diferença.
A expedição de pesquisa foi uma colaboração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Jardim Botânico Real de Kew e o Jardim Botânico de Nova York, que reuniram especialistas das mais diferentes reinos biológicos, como plantas, sapos, cobras, pássaros e fungos, incluindo o micologista brasileiro João Paulo Machado de Araujo.
O gênero Purpureocillium possui apenas seis espécies de fungo descritas oficialmente, uma mostra de como esses seres roxos são incomuns.
"Achando o fungo roxo, que é super incomum ter essa cor, só de olhar, eu já pude identificar. E também sabia que só haviam seis espécies descritas, então aquele ali certamente seria uma nova", explicou João Paulo, em entrevista exclusiva ao R7.
Uma dessas espécies, encontrada na Tailândia, também parasita aranhas, mas não só elas. "Esses fungos infectam também 13 ordens de insetos — besouros borboletas, joaninhas, hemipteros, bicho-pau, moscas, mosquistos, é uma infinidade. É muito diversificado e quanto mais a gente estuda esses fungos mais a gente vê que outros organismos também são infectados por eles", diz João Araujo.
As pesquisas, como a feita pelo micologista e toda a equipe, permitem a descoberta de uma nova espécie, dentro de uma gênero pouco conhecido, sendo uma contribuição para a biodiversidade.
"Entendemos melhor a biodiversidade e podemos considerar a nova espécie numa perspectiva evolutiva: como esses fungos evoluíram? Como eles infectam a aranhas? Como infectam o globo ocular de pessoas com imunidade comprometida. Então é um fungo que tem uma uma variedade ecológica grande", esclarece o especialista.