O caso da capivara Filó comoveu o coração dos internautas nas últimas semanas. O episódio teve diversas repercussões e envolveu grandes personalidades do Brasil — entre elas, políticos e influenciadores. Porém devemos nos lembrar de que, diferentemente dos cachorros, gatos, galinhas e bois, que são animais domesticados, bichos silvestres não podem ser pets, para a própria saúde e preservação da espécie.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo se pronunciou sobre o assunto a pedido do RPet. A veterinária Mayra Frediani, da Divisão da Fauna Silvestre, detalhou as razões pelas quais os bichos selvagens não são animais domésticos.
"Cão, gato, galinha e boi são exemplos de animais domésticos. No caso do cão, fala-se entre 10 mil e 40 mil anos de coevolução, convivendo com a gente, moldando a espécie para chegar ao que a gente tem hoje", exemplificou Frediani.
"Animais silvestres não passaram por esse processo brutal, longo, e por isso têm o seu comportamento e sua fisiologia mais preservados. Assim, uma vida em cativeiro, com a nossa convivência, vai ser muito mais drástica para essas espécies", continuou.
Doenças e falta do ambiente natural
Segundo a veterinária, chega a ser problemático do ponto de vista sanitário domesticar papagaios, macacos, jabutis e capivaras, como a Filó, entre outros animais silvestres. "Porque favorece a transmissão de doenças entre espécies, incluindo as zoonoses", disse.
Além disso, é quase impossível proporcionar a esses bichos a complexidade do ambiente natural em que ele viveria. "Tanto em termos de espaço, como em termos de alimentação, da diversidade, da sazonalidade dos itens alimentares que esse animal encontraria na natureza. Interação social, convivência com animais da mesma espécie e espécies diferentes com que ele, naturalmente, iria conviver", enumera Frediani.
O RPet entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ibama para que se posicionasse sobre o assunto, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.