O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, afirmou nesta quinta-feira (4) que a corporação vai investigar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um cartão de vacinação adulterado para entrar nos Estados Unidos.
"Há uma discussão sobre o uso do documento que em nada toca sobre os crimes dessa investigação. Mas, sabendo que foi usado esse documento, há a ocorrência de outros crimes, inclusive no estrangeiro", afirmou.
Nesta quarta-feira (3), a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar a atuação de uma associação criminosa que inseria dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Entre os presos na ação estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tenente-coronel Mauro Cid Barbosa e os seguranças do ex-presidente Sérgio Cordeiro e Max Guilherme.
A corporação apurou que os suspeitos viajaram para os Estados Unidos com documentos adulterados em dezembro do ano passado. Desde dezembro de 2021, a comprovação de vacinação com ao menos duas doses contra a Covid-19 é necessária para entrar nos EUA. O certificado deixará de ser cobrado no próximo dia 11.
Rodrigues afirmou que os investigados ainda não prestaram depoimento à PF e que a corporação está em contato com a defesa dos alvos da operação para marcar a data da oitiva.
O diretor-geral também comentou que deve pedir o compartilhamento de informações do processo que apura a suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso ocorre depois de o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros ter afirmado, em mensagens anexadas ao inquérito, saber quem mandou matar a vereadora e ativista Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes.
Segundo Passos, serão abertos tantos inquéritos quantos forem necessários para apurar os crimes identificados no processo. "É obrigação nossa apurar todos os elementos, todos os fatos referentes a um objeto principal da investigação, assim como dos laterais que vão surgindo no curso do processo”, afirmou ele durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro da Justiça, Flávio Dino.
O ministro também afirmou que a operação que investiga a suposta fraude pode ser fonte de provas de outros crimes. "Essa alusão ao caso Marielle mostra que muito provavelmente nós teremos múltiplos objetos de investigação a partir das apreensões realizadas. Isso não só pode como deve ser feito”, disse ministro. Desde fevereiro, a investigação do crime foi aberta pela Polícia Federal. Até então, a apuração estava restrita à Polícia Civil do Rio de Janeiro.