Após ter se encontrado com o presidente russo Vladimir Putin, o assessor especial da Presidência da República Celso Amorim vai se reunir nesta quarta-feira (10) com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelesnky, na capital, Kiev, para debater o fim da guerra.
Amorim está acompanhado de quatro assessores. "O objetivo do encontro é que o ex-chanceler brasileiro ouça de Zelensky quais são as principais exigências do governo ucraniano para poder dar início a negociações de paz que possam encerrar o conflito com a Rússia, que começou em fevereiro de 2022", diz o Planalto.
Na última terça-feira (9), Amorim recebeu um recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu espero que o Celso me traga não a solução, mas indícios de soluções para que a gente possa começar a conversar sobre a paz", disse o chefe de Estado. "Ele já sabe o que o Putin quer e agora vai saber o que quer Zelensky, e aí vamos ter instrumentos para conversar com outros países e construir, quem sabe, a possibilidade de pararmos essa guerra", completou.
A conversa de Amorim com Zelensky faz parte da rodada de negociações que o Brasil tem feito desde que Lula assumiu a Presidência da República, em 1º de janeiro, com o objetivo de encerrar a guerra, que começou em fevereiro de 2022. O chefe do Executivo federal já conversou com líderes mundiais, como Joe Biden (Estados Unidos) e Xi Jinping (China), na tentativa de construir uma aliança pela paz no país europeu. "E isso só pode ser feito se os dois [Ucrânia e Rússia] negociarem em uma mesa. É o que eu defendo", afirmou.
Depois de declarações polêmicas, o governo da Ucrânia convidou Lula a visitar Kiev, para que "compreenda" a realidade da agressão russa. Em seu lugar, o presidente enviou Celso Amorim. O petista, porém, recebeu no Brasil, em 17 de abril, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, para promover uma mediação internacional da guerra.
Anteriormente à visita do russo, Lula havia dito que a União Europeia e os Estados Unidos estavam contribuindo para a continuidade do conflito. A guerra tem revelado novos contornos, com nova troca de acusações duras entre vários países. Em 4 de maio, a Rússia afirmou que os Estados Unidos estão por trás do que diz ser um ataque de drones ao Kremlin, com o objetivo de matar o presidente russo.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse, sem fornecer provas, que a Ucrânia agiu sob ordens dos EUA no suposto ataque de drones à cidadela do Kremlin, na madrugada do dia 3. Kiev negou envolvimento no incidente, que aconteceu depois de uma série de explosões, na última semana, contra trens de carga e reservatórios de petróleo, no oeste da Rússia e na Crimeia, controlada pelos russos. Moscou também culpou a Ucrânia por esses ataques.