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Moraes manda Telegram apagar mensagens sobre PL das Fake News; aplicativo pode ser suspenso

Na decisão, ministro determina também à plataforma que envie nova mensagem aos usuários no prazo de uma hora

Data: Quarta-feira, 10/05/2023 15:23
Fonte: Gabriela Coelho, Rafaela Soares e Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes determinou nesta quarta-feira (10) que o Telegram apague a mensagem enviada aos usuários na terça-feira (9) com críticas ao projeto de lei das Fake News no prazo de uma hora. Caso a decisão seja descumprida, Moraes decretou ainda que haja suspensão do aplicativo em todo o território nacional por 72 horas, além de multa de R$ 500 mil.

Na decisão, o ministro também mandou o aplicativo enviar uma nova mensagem aos usuários com a seguinte redação: "Por determinação do Supremo Tribunal Federal, a empresa Telegram comunica: 'A mensagem anterior do Telegram caracterizou flagrante e ilícita desinformação atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à democracia brasileira, pois, fraudulentamente, distorceu a discussão e os debates sobre a regulação dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada (PL 2.630), na tentativa de induzir e instigar os usuários a coagir os parlamentares'".

De acordo com o ministro, a empresa é "reincidente em práticas que, por ação ou omissão, permitem a proliferação criminosa de mensagens fraudulentas". "Em decisão de 17 de março de 2022, este Supremo, diante de diversas recusas do referido serviço de mensageria privada em atender às ordens judiciais de remoção de mensagens com discurso de ódio e antidemocráticos, determinou a suspensão completa e integral de seu funcionamento", disse Moraes.

Leia mais: Veja o que é fato e o que é mentira sobre o projeto de lei das Fake News

Desta vez, entretanto, segundo o ministro, a situação foi "mais grave", pois foi a própria empresa que "produziu e veiculou a mensagem fraudulenta, sendo absolutamente necessária a imediata cessação da gravíssima lesão ao Estado democrático de Direito e sua reparação".

Críticas ao PL das Fake News

A decisão se deu após o aplicativo usar argumentos considerados falsos para influenciar seus usuários sobre o projeto em discussão no Congresso. A mensagem divulgada pela plataforma afirma, entre outras coisas, que o projeto vai "acabar com a liberdade de expressão" e "dá ao governo poderes de censura sem supervisão judicial".

O pronunciamento foi criticado por membros do governo e parlamentares. O relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), descreveu como "abuso de poder econômico" o movimento do aplicativo. "É um escândalo para uma multinacional. Abusa da sua estrutura de mensagem e difunde mentiras sobre o Parlamento brasileiro. Querem colocar o Congresso de joelhos", declarou Silva.

A Secretaria Nacional do Consumidor informou que também notificaria o Telegram a respeito da mensagem divulgada pela plataforma sobre o projeto de lei.

MPF cobra nome de quem elaborou mensagem

Nessa terça-feira (9), o Ministério Público Federal em São Paulo deu prazo de dez dias ao aplicativo para prestar informações detalhadas sobre a mensagem enviada a seus usuários. O MPF quer saber os motivos para que o texto tenha sido encaminhado, aparentemente, a todos os usuários da plataforma e o nome e endereço eletrônico dos responsáveis dentro da empresa que elaboraram a mensagem e decidiram seu impulsionamento.

No dia 26 de abril, o aplicativo chegou a ser suspenso e multado em R$ 1 milhão por dia pela Justiça Federal por descumprir decisão que obrigava a empresa a fornecer dados dos suspeitos de crimes cometidos em grupos nazistas e neonazistas atuantes na plataforma.

Três dias depois, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região aceitou recurso da companhia e permitiu a volta ao ar do Telegram no Brasil. No entendimento do desembargador Flávio Lucas, a medida que bloqueou o aplicativo afetava "amplamente a liberdade de comunicação em todo o território nacional". A decisão, entretanto, manteve a multa diária de R$ 1 milhão, em razão de o aplicativo não ter fornecido os dados dos usuários de canais neonazistas.