Após o Ministério da Saúde liberar a vacina bivalente contra a Covid para pessoas a partir de 18 anos em todo o país, muitas dúvidas passaram a circular nas redes sociais. Uma delas, é se o imunizante pode ser aplicado junto com o da gripe, que está com campanha de imunização ativa até o dia 31 de maio.
A campanha nacional contra a influenza (gripe) começou no dia 10 de abril e, neste momento, se restringe aos grupos prioritários (listados ao final), embora algumas cidades já tenham liberado a vacinação para todos os grupos.
Quem estiver autorizado a se vacinar pode, sim, tomar as doses de gripe e Covid na mesma ocasião.
Desde 2021, o Ministério da Saúde autoriza que as vacinas contra a Covid e da gripe sejam aplicadas no mesmo dia. Antes, a recomendação era que houvesse um intervalo mínimo de 14 dias entre os dois imunizantes.
"As vacinas Covid-19 poderão ser administradas de maneira simultânea com as demais vacinas ou em qualquer intervalo", afirmou o documento.
No informe da vacinação contra influenza, divulgado pelo Ministério da Saúde em março de 2023, a pasta continua incentivando a imunização conjunta.
"A influenza e a Covid-19 continuam sendo ameaças para a saúde pública, especialmente para as pessoas não vacinadas. Assim este Ministério da Saúde recomenda aproveitar a oportunidade da campanha de vacinação contra a influenza para atualização da situação vacinal para Covid-19 nos grupos elegíveis", escreveu.
O documento ainda diz que "a vacina influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação e também com outros medicamentos, procedendo-se às administrações com seringas e agulhas diferentes em locais anatômicos distintos".
O informe sobre a vacinação contra Covid (publicado em fevereiro de 2023), por sua vez, também deixa claro que, atualmente, as vacinas contra o coronavírus não são de vírus atenuado (com o vírus "vivo", mas enfraquecido), portanto "é improvável que a administração simultânea com as demais vacinas do calendário vacinal incorra em redução da reposta imune ou risco aumentado de Esavi (Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização)". Entende-se como Esavi os efeitos adversos.
As vacinas que estão disponíveis usam tecnologia de vetor viral, com adenovírus, (AstraZeneca e Janssen), de vírus inativado (CoronaVac) e RNA mensageiro (Pfizer/BioNTech).
Mas, tomar os dois imunizantes de forma simultânea aumenta os efeitos adversos?
Também circulam nas redes sociais relatos de pessoas que sentiram reações "mais fortes" após tomar os dois imunizantes juntos.
Porém, segundo o médico infectologista João Prats, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, tomar os dois imunizantes de forma na mesma ocasião não potencializa os efeitos adversos.
"Mantém a eficácia, e não tem aumento de eventos adversos, que era a maior preocupação. Sabemos que as vacinas são eficazes. Existe uma metanálise, que olha vários estudos, [que constatou que] não houve diferença de efeitos adversos ou aumento de intolerâncias ou problemas quando as duas vacinas [foram aplicadas] em conjunto", explica.
O infectologista ainda acrescenta que os dois imunizantes têm efeitos adversos parecidos, como dor no local de aplicação e febre.
Da mesma forma, elas possuem reações raras em comum, que, neste caso, podem ter mais chance de acontecer com vacinação combinada (as probabilidades de cada vacina são "somadas"), mas o número continua muito baixo.
"Se você for uma pessoa que tem, por exemplo, uma sensibilidade muito grande à vacina, alguma coisa de anormal nesse sentido, pode ser que sim, tomar duas vacinas facilite [efeitos adversos]. Então se você é alérgico, tem alguma reação imunológica conhecida da vacina, aí sim, só nesses casos, que são extremamente raros, você poderia ter uma potencialização dos efeitos das vacinas", relata o especialista.
Em nota ao R7, o Ministério da Saúde "reforça que todas as vacinas ofertadas à população são seguras e eficazes, protegem crianças, adultos e idosos, salvando vidas. A orientação técnica é que a vacina da influenza pode ser aplicada com qualquer outro imunizante do calendário nacional de vacinação, incluindo as bivalentes contra a Covid-19."
A pasta pede que a população fique em alerta com notícias falsas sobre as vacinas, pois é "um desserviço para o irrefutável benefício das vacinas no controle e redução de casos graves da Covid-19. Vacinas salvam vidas."
Grupos elegíveis à vacinação contra gripe:
• Idosos com 60 anos e mais;
• trabalhadores da saúde;
• crianças (6 meses a menores de 6 anos);
• gestantes e puérperas;
• povos indígenas;
• professores;
• pessoas com comorbidades ou com deficiência permanente;
• caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário passageiros urbano e de longo curso e trabalhadores portuários;
• forças de segurança e salvamento e forças armadas;
• funcionários do sistema de privação de liberdade, população privada de liberdade com mais de 18 anos e adolescentes e jovens em medidas socioeducativas.