Astrônomos anunciaram nesta sexta-feira (12) que identificaram a "maior explosão" cósmica já observada, uma bola de energia equivalente a 100 vezes o tamanho do nosso Sistema Solar.
Os cientistas acreditam que têm a explicação mais provável para o fenômeno, mas destacaram que mais pesquisas são necessárias para compreendê-lo.
O fenômeno, catalogado como AT2021lwx, não foi o mais luminoso já observado. Este recorde pertence a uma explosão de raios gama (a explosão eletromagnética de uma supernova) batizado como GRB221009A, detectado em outubro de 2022 e que foi definido como "o mais luminoso de todos os tempos".
A nova explosão AT2021lwx aconteceu, de fato, há três anos. A revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society britânica a descreve como a maior porque neste período de tempo liberou muito mais energia que uma explosão de raios gama.
"Foi uma descoberta acidental", disse à AFP o principal autor do estudo, Philip Wiseman, astrofísico da universidade britânica de Southampton.
A explosão havia sido detectada em 2020, de forma automática, pelo observatório americano Zwicky Transient Facility da Califórnia. Mas o fenômeno "ficou armazenado no banco de dados" do observatório, segundo Wiseman, antes que os cientistas o retirassem da gaveta, um ano depois.
"Foi a observação direta do fenômeno que revelou sua real dimensão. A análise da luz recebida nos permitiu calcular que demorou 8 bilhões de anos para chegar ao telescópio".
Os astrônomos ainda debatem a causa do fenômeno. Poderia tratar-se de uma supernova, a explosão de uma estrela massiva no final de seu ciclo. Mas neste novo fenômeno, a luminosidade é dez vezes maior.
Outra possibilidade é que tenha acontecido uma ruptura provocada pelo que é conhecido como efeito de maré, em que uma estrela é dilacerada pela força de atração de um buraco negro do qual se aproximou em demasia.
Mas neste caso, AT2021lwx é três vezes mais luminoso para que esta possibilidade seja real.
A explosão, na realidade, só pode ser comparada com os quasares, galáxias que possuem em seu interior um buraco negro supermassivo que emite uma quantidade fenomenal de luz e energia.
Mas a luz dos quasares é intermitente, enquanto no AT2021lwx o feixe se aumentou bruscamente há três anos.
"Nunca havíamos visto algo parecido (...). Surgiu não sabemos de onde", afirma Wiseman.
A equipe do astrofísico apresentou uma primeira teoria: uma nuvem gigantesca de gás com tamanho equivalente ao de 5.000 sóis está sendo devorada por um buraco negro supermassivo.
Mas a equipe ainda está trabalhando para demonstrar se a teoria é "totalmente plausível".
O problema é que os cientistas supõem que os buracos negros supermassivos são localizados no centro de uma galáxia. E, além disso, o fenômeno AT2021lwx tem um tamanho equivalente ao da Via Láctea.
Mas ao redor não há nenhuma galáxia. "É um verdadeiro enigma", constata Philip Wiseman.
No momento resta seguir observando o céu e analisando as bases de dados, para tentar detectar algum fenômeno parecido.