Hidrogênio é o elemento químico mais simples e abundante na natureza. Isso é algo que é ensinado na escola, fora das discussões entre cientistas.
No entanto, ele pode ser muito mais do que isso. Na verdade, uma de suas versões, o hidrogênio verde, é o “petróleo do futuro”. É o que dizem três dos quatro especialistas ouvidos pelo R7.
"Carro a hidrogênio é um carro elétrico. A única diferença é que, em vez de uma bateria, ele tem uma célula de hidrogênio no tanque que guarda hidrogênio ali. Qual é a grande beleza dessa tecnologia? É que um litrinho de hidrogênio leva esse carro a rodar quilômetros e quilômetros"
Basicamente, o hidrogênio verde é um combustível obtido através de fontes renováveis de energia. Assim, há pouca ou nenhuma emissão de carbono no processo. Esse é seu diferencial.
Portanto, não se trata de uma substância verde. Esse nome apenas indica que ele é sustentável, do ponto de vista do meio ambiente.
Isso porque há outros “hidrogênios” com diferentes cores, como o cinza, o marrom e o azul.
“São diversas cores que tipificam o hidrogênio a partir do processo ou da energia que você usa. Então, se você usa o gás para produzir hidrogênio, você tem captura de carbono no processo. Esse é o hidrogênio azul”, explica o secretário de Hidrogênio Verde do Inel (Instituto Nacional de Energia Limpa) , Luiz Piauhylino Filho.
Além disso, a principal vantagem do hidrogênio verde é a logística, mesmo em relação a outras fontes de energia limpas. Ou seja, é fácil transportá-lo.
"Você consegue transportar energia de um lugar para outro sem ter necessidade de ter uma extensa linha de transmissão. Você produz aquela energia naquela localidade em forma de uma molécula, né? E transporta essa molécula para uma outra localidade onde você vai precisar usar essa energia”, afirma Piauhylino Filho.
No Brasil, já há empresas instaladas que fornecem equipamentos para a produção do combustível. Três delas são: Hytron, ThyssenKrupp e a própria Siemens Energy.
Já a gerente-executiva da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), Tamar Roitman, tem visão diferente. Para ela, “não há bala de prata”.
Ou seja, ela acredita que o hidrogênio verde é uma das opções para a transição energética em direção à descarbonização da economia global e brasileira. Para a especialista, o biometano é outra possível alternativa para isso.
“Tem uma série de processos que têm dificuldade de descarbonizar. Então, quando a gente fala do transporte pesado, o biometano é uma solução".
A consultoria alemã Roland Berger estima que o Brasil terá receita anual de R$ 150 bilhões na cadeia de produção do hidrogênio verde em 2050.
Além disso, o Brasil produzirá o hidrogênio verde mais competitivo do mundo até 2030, conforme projeção da BloombergNEF. Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEE (Associação Brasileira de Energia Eólica), com base nisso, crava:
“O Brasil será o país mais competitivo do mundo para produzir hidrogênio verde porque ele vai utilizar a energia renovável, a energia eólica, a solar, a energia de hidrelétrica para produzir esse hidrogênio”.
*Sob supervisão de Ana Vinhas