O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse, nesta segunda-feira (15), ter recebido dezenas de ameaças pelas redes sociais e que está buscando as providências cabíveis contra os autores das mensagens. "Desde ontem, estou recebendo dezenas de mensagens agressivas e ameaçadoras. Todas com clara inspiração política em segmentos extremistas. Claro que não me intimido com 'gabinetes de ódio'. E estou adotando as providências legais cabíveis", afirmou Dino.
Na última semana, o ministro entrou em embate com diferentes parlamentares de oposição durante uma audiência no Senado. Dino bateu boca com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e ironizou os questionamentos do parlamentar.
"Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores", disse Dino ao senador. Do Val é militar da reserva do Exército e frequentemente expressa orgulho de ter participado de treinamentos em instituições dos Estados Unidos, como a Swat, a Nasa e o FBI.
O embate entre Dino e Do Val começou quando o ministro da Justiça foi questionado pelo senador sobre os atos extremistas do 8 de Janeiro. Segundo o parlamentar, Dino assistiu à vandalização das sedes dos Três Poderes pela janela do gabinete do Ministério da Justiça, dando a entender que o chefe da pasta teria se omitido ao não tentar impedir a ação dos manifestantes.
Dino respondeu que o senador havia editado trechos de entrevistas para "pescar contradições inexistentes" e afirmou que não estava no local antes da invasão, mas se dirigiu ao Ministério da Justiça assim que soube do início da depredação.
"Não precisa o senhor ir para a porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet, porque, se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?", indagou o ministro.
Em outro momento, ao responder a uma lista de perguntas feitas por Sergio Moro (União-PR) sobre a agenda da pasta, Dino disse ao ex-juiz que nunca teve "sentença anulada". O comentário faz referência à anulação da sentença condenatória proferida por Moro, quando ele era juiz federal em Curitiba (PR), contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Operação Lava Jato.
Moro acusou Dino de responder às perguntas com sarcasmo. “Deboche eu não concordo. Sei que na minha gestão no MJ a gente reduziu os assassinatos em 20%, coisa que não vi ainda. Eu não tratei com deboche o ministro, peço respeito”, retrucou.
Outro momento de tensão entre os senadores e o ministro ocorreu quando Dino respondeu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e insinuou que o parlamentar conhecia "muito de perto as narcomilícias" do Rio de Janeiro.
Pouco antes, Flávio Bolsonaro havia questionado o ministro sobre uma ação do PSB, partido de Dino, que gerou uma decisão do Supremo Tribunal Federal que impôs restrições à realização de operações policiais nas comunidades do estado do Rio de Janeiro durante o período da pandemia. Segundo o senador, isso aumentou o número de mortes em comunidades da capital fluminense.
Ao ser repreendido pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), sob a acusação de ser debochado, Dino reagiu dizendo que não escutaria calado as "perguntas esquisitas" e as ofensas dos senadores.
"Riso não é crime. Se querem debater comigo, debatam. Ou querem que eu ouça tudo calado? Venho todas as vezes, mas não me peçam que venha calado, porque não posso renunciar ao meu direito de responder," afirmou o ministro da Justiça.