Jair Bolsonaro (PL) afirmou à Polícia Federal, durante depoimento na tarde desta terça-feira (16), não saber quaisquer informações acerca de suposto esquema que fraudou dados de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente chegou à PF, na área central de Brasília, por volta das 13h30 e deixou o prédio pouco antes das 18h.
No depoimento, ao qual o R7 e a Record TV tiveram acesso, Bolsonaro admitiu conhecer Ailton Barros Gonçalves — preso desde 3 de maio por suspeita de envolvimento no esquema. Ele estava acompanhado dos advogados e do ex-secretário de Comunicação Social de sua gestão Fábio Wajngarten, que também atua na defesa.
À PF, Bolsonaro afirmou que "se Mauro Cid arquitetou [esquema fraudulento de cartões de vacinação] foi à revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação" do ex-presidente. Ele destacou, contudo, que acredita na inocência do ex-ajudante de ordens.
"[...] Não determinou a inserção de dados fraudulentos nos sistemas; que acredita que Mauro Cid não tenha arquitetado a inserção de dados falsos em seu nome e em nome da sua filha no sistema do Ministério da Saúde; que esclarece que a todo momento ecoou ao mundo que não foi vacinado; que comprou mais 500 milhões de doses de vacina; que respeitou a liberdade de cada brasileiro de tomar ou não a vacina, e autonomia do médico", escreveu a PF.
Os agentes perguntaram a Bolsonaro se Ailton Barros teria repassado mensagens com conteúdos extremistas. "Indagado sobre o motivo de Ailton Barros ter encaminhado ao declarante pautas contendo ataques ao Estado Democrático de Direito e às instituições democráticas, respondeu que não participou ou orientou qualquer ato de insurreição ou subversão contra o Estado de Direito", conforme consta no depoimento.
O ex-presidente afirmou, ainda, que a filha, Laura, também não se vacinou contra a Covid-19. "[...] Ao entrar nos EUA sua filha se declarou como 'não vacinada' contra a covid-19."
O depoimento ocorreu dentro da Operação Venire, que investiga a atuação de uma suposta associação criminosa que, segundo a PF, inseria dados falsos de vacinação nos sistemas públicos. Bolsonaro deveria ter dado esclarecimentos à PF no dia da ação, mas optou por não fazer por falta de acesso aos autos do inquérito.
O ex-presidente afirmou não saber acessar o ConecteSUS, sistema do Ministério da Saúde responsável por registrar e comprovar a imunização dos cidadãos brasileiros. Segundo Bolsonaro, era o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que gerenciava a conta. Cid também está preso por suspeita de envolvimento nas ações de falsificação.