Após reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Banco Central, Roberto Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há consenso sobre a aprovação da reforma tributária e das novas regras fiscais que vão substituir o teto de gastos. "Há um consenso em torno das duas pautas. Temos de votar o marco fiscal e a reforma tributária. Não há uma única voz dissonante a respeito da urgência dessas duas matérias para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Brasil", afirmou Haddad.
A matéria está em discussão na Câmara e deve ser votada na quarta-feira (24), após acordo firmado na reunião de líderes da Casa.
Lira também enfatizou o acordo para que o relatório do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) seja votado o mais rápido possível na Câmara. No entanto, ele afirmou que a aprovação vai depender de um esforço conjunto do governo e do Congresso.
“Fizemos esse encontro para sensibilizar, ouvir, acomodar a realidade na ponta, as dificuldades de quem gera emprego. Camara e Senado estarão juntos trabalhando com o governo federal”, disse Lira. “Todos os temas do marco financeiro foram tratados. O apoio foi pedido para que todos se envolvam na defesa de uma reforma tributária que é necessária e está na premissa de ser votada”, completou.
Pacheco também avalia que há boas perspectivas para a aprovação do projeto no Senado. “Ainda faremos outras reuniões para receber o apoio necessário para as modificações dos projetos. Há uma boa perspectiva para o marco fiscal na Câmara dos Deputados, e, tão logo chegue ao Senado, nós vamos dar a devida celeridade ainda neste semestre. É um tema muito importante”, disse.
Cajado estava na reunião e posou no fim do encontro ao lado do ministro e dos presidentes da Câmara e do Senado, mas evitou comentar os detalhes da nova versão do relatório, que recebeu cerca de 40 emendas nos últimos dias.
O tema vai ser discutido em uma reunião de líderes na residência oficial da Câmara dos Deputados. A depender da recepção das lideranças, o texto deve ser votado entre esta terça (23) e a quarta-feira (24).
Na segunda-feira (22), Haddad se reuniu com Cajado e mostrou-se otimista com a aprovação do projeto. Nas contas do governo, o mérito da matéria deve ter apoio de cerca de 400 deputados. Se o placar se confirmar, essa será a vitória mais expressiva do governo no Congresso.
"O que ele [Cajado] me trouxe aqui foram emendas para deixar mais claras contas erradas que foram feitas, como evitar interpretações erradas, dar mais clareza, promover pequenas alterações que impedem uma má interpretação. Foi mais [sobre] redação, para deixar mais claras algumas coisas, de confusão de contas. Estamos em um bom caminho. [Cajado] falou que está confiante que vota esta semana", afirmou Haddad.
Um dos principais impasses envolve a inclusão do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no limite de gastos e a limitação do avanço das despesas públicas a 2% ao ano — em vez de até 2,5%, como proposto pelo Executivo.
Outro ponto diz respeito à manutenção do Fundo Constitucional do DF na lista de despesas que podem ficar de fora do limite de gastos do governo. O fundo é uma verba repassada pelo Executivo federal para financiar a Segurança Pública, a Saúde e a Educação na capital do país.
Segundo parlamentares da bancada do DF, se o projeto for votado como está, o governo do Distrito Federal terá problemas para pagar a folha dos servidores, além de não conseguir fazer novas contratações.
Na reunião, Lira, Pacheco, Haddad e Campos Neto também discutiram a taxa de juros e o cenário econômico brasileiro. Segundo Pacheco, o tema dos juros no Brasil esteve "muito presente nas conversas".
"É o intuito de todos a redução gradativa da taxa Selic. Podemos criar um ambiente para as reformas e de otimismo no Brasil. Estamos todos no mesmo barco", disse Pacheco em um pronunciamento à imprensa no fim do encontro.
Campos Neto não participou do pronunciamento e, no fim da reunião, se limitou a dizer que o "diálogo é sempre bom". O presidente do BC tem falado que o debate sobre juros é "justo" e faz parte da "equação macroeconômica".
O governo tem criticado a manutenção da taxa de juros (Selic) em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central. Na visão dos aliados de Lula, a Selic não é compatível com a taxa de inflação, que acumula alta de 3,39% nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre).
Em outras ocasiões, Haddad disse que a atual Selic era "muito preocupante". Na visão do ministro, as decisões do BC podem comprometer o resultado fiscal que o governo espera. Haddad tem tentado acelerar a aprovação do novo marco fiscal, como uma garantia de que o BC repense a Selic nas próximas reuniões do Copom.