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China desafia supremacia dos EUA ao enviar civil ao espaço pela 1º vez em exercício para pisar na Lua

Todos astronautas do país, até agora, eram integrantes do Exército Popular de Libertação, mas professor vai quebrar a regra amanhã

Data: Segunda-feira, 29/05/2023 09:08
Fonte: Do R7, com AFP

China enviará nesta terça-feira (30) um astronauta civil ao espaço pela primeira vez para uma missão na estação Tiangong, a estação espacial do país asiático em órbita terrestre baixa, com o objetivo a longo prazo de enviar um voo tripulado à Lua até 2030.

Até o momento, todos os astronautas chineses enviados ao espaço eram integrantes do Exército Popular de Libertação.

Gui Haichao, professor de Aeronáutica e Astronáutica na Universidade Beihang, conduzirá testes científicos durante a missão, anunciou nesta segunda-feira (29) o porta-voz da Agência Espacial de Voos Tripulados, Lin Xiqiang.

O astronauta será responsável por "experimentos em órbita de larga escala para estudar novos fenômenos quânticos, sistemas espaciais de tempo-frequência de alta precisão, a verificação da relatividade geral e a origem da vida", acrescentou o porta-voz.

"Sempre sonhei com isto", declarou Gui em uma entrevista coletiva.

Gui, 34 anos, é de uma "família comum" da província de Yunnan (norte do país), de acordo com sua universidade.

Ele "sentiu interesse pelo setor aeroespacial pela primeira vez ao ouvir no rádio as notícias sobre o primeiro chinês a viajar ao espaço", Yang Liwei, em 2003, destacou o centro de ensino nas redes sociais.

"A participação dele no voo é particularmente significativa", declarou à AFP o analista independente Chen Lan, porque nas missões anteriores viajaram apenas astronautas formados como pilotos que executavam operações mais técnicas, e não científicas.

"Isto significa que, a partir desta missão, a China abre a porta do espaço aos cidadãos comuns", destacou.

A decolagem está prevista para 9h31 locais (22h31 de Brasília desta segunda-feira) no Centro Jiuguan de Lançamento de Satélites, informou a Agência Espacial.

O comandante da missão será Jin Haipeng — em sua quarta missão espacial, de acordo com a imprensa estatal — e o terceiro tripulante será o engenheiro Zhu Yangzhu.

Gui será "o principal responsável pela operação em órbita das cargas experimentais de ciência espacial", destacou Lin.

Sonho espacial

Durante o governo do presidente Xi Jinping, a China intensificou as operações para conquistar o "sonho espacial".

A segunda maior economia do mundo investiu um grande orçamento no programa espacial, comandado pelos militares, com a esperança de enviar astronautas à Lua.

Pequim tenta alcançar Estados Unidos e Rússia depois de anos de atraso.

Além de uma estação espacial, a China planeja construir uma base na lua. A Agência Espacial pretende concretizar uma missão lunar tripulada até 2030.

"O principal objetivo é fazer um primeiro pouso (com tripulação) na Lua até 2030 e concretizar uma exploração científica lunar, além de uma análise em termos de tecnologia", disse o porta-voz Lin Xiqiang.

O módulo final da estação Tiangong (que significa "Palácio Celestial") foi acoplado no ano passado à principal estrutura.

A estação contém vários equipamentos científicos de vanguarda, incluindo "o primeiro sistema de relógio espacial atômico frio", segundo a agência estatal de notícias Xinhua.

A estação Tiangong deverá permanecer em órbita terrestre baixa, a uma distância entre 400 e 450 km acima do planeta por pelo menos 10 anos, para permitir que a China mantenha uma presença humana no espaço a longo prazo.

A estação terá uma tripulação permanente, em um sistema de rodízio com equipes de três astronautas, que conduzirão experimentos científicos e ajudarão a testar novas tecnologias.

O país asiático não planeja utilizar a Tiangong em um sistema de cooperação mundial, como a Estação Espacial Internacional (ISS), mas Pequim declarou que está aberta à colaboração estrangeira.

A China "está impaciente e espera uma participação de astronautas estrangeiros em missões tripuladas na estação espacial do país", afirmou Lin nesta segunda-feira.

O país está à margem da ISS desde 2011, quando Washington proibiu a Nasa de colaborar com Pequim.