Questionado se vai indicar um nome para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (29): "É uma coisa tão minha que eu não quero repartir com ninguém." A declaração foi dada pelo petista após receber o ditador venezuelano Nicolás Maduro para um almoço no Palácio do Itamaraty, em Brasília. A expectativa é de que o petista designe para o cargo o advogado Cristiano Zanin. E essa possibilidade já mobiliza a oposição.
Zanin tem 47 anos, é de Piracicaba (SP) e advogado de Lula desde 2013. Apesar de advogar para Lula na área criminal, Zanin se diz especialista em "litígios estratégicos e decisivos, empresariais ou criminais, nacionais e transnacionais". Caso o presidente confirme a indicação de Zanin ao STF, o advogado deverá passar por sabatina no Senado. Ainda não há data definida.
Como mostrou o blog da Cristina Lemos, a estratégia dos contrários à indicação de Zanin é articular a resistência junto às bancadas parlamentares da oposição, principalmente no Senado, onde haverá a sabatina do ex-advogado de Lula. Líderes do Planalto trabalham para mapear a possível rejeição ao indicado, "construir a aprovação", para só então dar o sinal verde para a oficialização de Zanin.
Para reduzir a eventual rejeição por parte de parlamentares, os líderes governistas argumentam junto a insatisfeitos, entre moderados e apoiadores do governo, que as atuais demandas podem ser atendidas na próxima indicação de Lula ao STF, prevista para outubro, com a aposentadoria de Rosa Weber. As primeiras avaliações são de que o petista não poderá escapar da pressão por substituir a ministra por outra mulher, e, nesse caso, "fazer história", com a possível indicação da primeira negra a integrar o STF.
Mais cedo, Lula se reuniu com Maduro no Palácio do Planalto. O petista avaliou o momento como histórico. O brasileiro também defendeu a entrada da Venezuela no Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto dos países-membros.
Maduro não visitava o Brasil desde 2015. Durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas. Após tomar posse neste ano, Lula retomou o diálogo com o governo de Maduro.