O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu aos pares da América do Sul a criação de uma moeda comum para ser usada nas operações comerciais entre as nações do continente. A proposta foi apresentada nesta terça-feira (30), durante uma reunião no Palácio Itamaraty com a presença de autoridades de 11 países sul-americanos.
Lula defendeu a ideia de que as nações adotem estratégias para "aprofundar a identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais".
O presidente brasileiro apresentou outras nove sugestões, entre elas pôr a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando bancos de desenvolvimento como a CAF, que é o Banco de Desenvolvimento da América Latina; o Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata); o Banco do Sul; e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Além disso, Lula sugeriu implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens. Outra proposta foi ampliar os mecanismos de cooperação de última geração que envolvam serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência.
O petista também recomendou aos pares do continente a retomada da cooperação na área de defesa, com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa.
Lula sugeriu, ainda, a criação de um programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior; o desenvolvimento de ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima; a reativação do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde; a atualização da carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento; e a constituição de um mercado sul-americano de energia.
Participam do encontro os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).
Na lista de participantes, a exceção é o Peru. A atual presidente, Dina Boluarte, não pôde deixar o país por causa de impedimentos legais internos — a nação vive uma crise política desde a destituição do ex-presidente Pedro Castillo. Em seu lugar, veio o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola.