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CPMI do 8 de Janeiro vota plano de trabalho e começa a analisar nomes dos primeiros convocados

Entre pedidos de quebra de sigilo e convocações, colegiado, que volta a se reunir nesta terça, recebeu quase 800 requerimentos

Data: Terça-feira, 06/06/2023 08:46
Fonte: Hellen Leite, do R7, em Brasília

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de vandalismo de 8 de janeiro vota nesta terça-feira (6) o plano de trabalho do colegiado. Até o momento, o grupo se reuniu apenas uma vez, em 25 de maio, para instalar e eleger a presidência e a relatoria, que ficou com o deputado Arthur Maia (União-BA) e com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), respectivamente.

A reunião de votação dos requerimentos deve acontecer nesta quarta-feira (7). Segundo Eliziane Gama, a proposta é catalogar os quase 800 requerimentos já apresentados por parlamentares e definir a prioridade dos depoimentos das testemunhas, além de organizar um calendário para fazer diligências. A tendência é que os requerimentos sejam votados em blocos, já que boa parte tem o conteúdo repetido.

A senadora adiantou que levará em conta os pedidos apresentados até agora, "ouvindo a minoria, mas levando em consideração o princípio da maioria". A parlamentar também enfatizou que os trabalhos devem se concentrar na busca de mentores e financiadores dos atos que culminaram com a invasão dos prédios dos Três Poderes. 

 

O nosso foco será voltado para buscar os autores intelectuais e os financiadores do 8 de Janeiro. A gente vai também fazer um recorte aí de uma avaliação dos dias anteriores e olhar para o que foi o dia 24 de dezembro, o dia 12 de dezembro. A gente vai fazer um apanhado geral, porque o 8 de Janeiro não foi o dia 8 de janeiro em si apenas.

ELIZIANE GAMA (PSD-MA), RELATORA DA CPMI DO 8 DE JANEIRO

Eliziane também tem a intenção de pedir o compartilhamento de documentos da investigação que já correm na Polícia Federal, no Supremo Tribunal Federal, na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). 

Entre esses documentos está o relatório da Abin supostamente adulterado pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias, que foi exibido na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso em uma sessão reservada.

Segundo parlamentares que integram o colegiado, há diferenças entre duas versões do mesmo relatório entregues ao órgão — um enviado em 20 de janeiro, e o outro, em 8 de maio. Na versão mais antiga, não constam 11 alertas que Gonçalves Dias recebeu no telefone dele entre 6 e 8 de janeiro sobre riscos de vandalismo na praça dos Três Poderes.

Estratégias de governistas e da oposição

A oposição vai apostar na indicação de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi omisso quanto aos anúncios dos ataques extremistas e de que a inércia do time de Lula foi decisiva para o quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes. Os parlamentares devem defender essa tese com a exposição de documentos que, supostamente, comprovam que o Poder Executivo sabia dos riscos da manifestação.

Além disso, a oposição também avalia a convocação do ex-ministro do GSI Gonçalves Dias, que estava em Brasília no 8 de Janeiro e aparece em imagens que o mostram circulando pelo Palácio do Planalto no momento dos ataques.

Já os governistas devem investir em questionamentos a pessoas do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Além disso, estão no radar o comando da Polícia Militar do Distrito Federal, militares do GSI e pessoas que participaram dos protestos ou os incentivaram.

Eliziane Gama tem evitado dizer se Bolsonaro será convocado a depor no colegiado. Nos bastidores, a base do governo Lula articula um plano para convocar o ex-presidente, mas isso só deve ocorrer se houver pistas que liguem diretamente Bolsonaro aos atos de vandalismo.