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Alimentos doces e gordurosos alteram o nosso cérebro da mesma maneira que drogas viciantes

Estudos realizados nos últimos anos mostram relação entre esse tipo de comida e a ativação de áreas de recompensa do cérebro

Data: Segunda-feira, 10/07/2023 08:53
Fonte: Fernando Mellis, do R7

Em um mundo onde os ultraprocessados — em sua maioria ricos em açúcar e gordura​ — estão presentes em abundância, a questão sobre como esses alimentos podem afetar o cérebro tem sido alvo de intensa pesquisa científica.

Um estudo conduzido por cientistas do Instituto Max Planck de Pesquisa sobre Metabolismo, na Alemanha, publicado na revista Cell Metabolism em março deste ano, concluiu que alimentos com alto teor de gordura e açúcar mudam nosso cérebro 

Segundo os pesquisadores, se consumirmos regularmente esse tipo de comida, mesmo em pequenas quantidades, nosso cérebro aprende a preferi-las no futuro.

A atividade cerebral dos voluntários que participaram do estudo mostrou um aumento na resposta do sistema dopaminérgico, ligado à motivação e recompensa.

O sistema dopaminérgico está intimamente relacionado ao vício em drogas — e, ao que tudo indica, também a alimentos não saudáveis. A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel fundamental na sensação de prazer e recompensa.

Quando uma pessoa usa drogas, substâncias químicas são liberadas no cérebro, ativando o sistema dopaminérgico e causando uma sensação intensa de prazer.

Com o uso repetido e contínuo das drogas, o cérebro passa a associar essa sensação de prazer com o consumo da substância. Isso leva a uma busca compulsiva pela droga, mesmo que cause danos físicos, emocionais ou sociais.

Dessa forma, o sistema dopaminérgico desempenha um papel crucial na formação do vício e na dificuldade de se livrar dele.

Outros trabalhos realizados nos últimos anos revelaram descobertas intrigantes sobre como o consumo de doces e gorduras pode alterar nosso cérebro e influenciar nossos hábitos alimentares, em alguns casos estimulando um comportamento cerebral vicioso, semelhante ao de dependentes químicos.

Uma revisão de estudos realizada por pesquisadores do Oregon Research Institute, em 2011, também destacou a variabilidade na resposta do sistema dopaminérgico a estímulos alimentares, como doces e alimentos gordurosos.

Por meio do uso de imagens cerebrais, os cientistas observaram que indivíduos com obesidade tendem a apresentar maior ativação em áreas de recompensa cerebral ao serem expostos a alimentos palatáveis.

Em outro estudo pioneiro, publicado na revista Neuron em 2003, foi utilizada a ressonância magnética funcional para investigar as respostas cerebrais à intensidade e à valência afetiva de soluções doces.

Os pesquisadores descobriram que diferentes áreas do cérebro são ativadas em resposta à intensidade do sabor doce e à sua valência emocional, evidenciando que o cérebro processa essas informações de maneira distinta.

A maneira pela qual alimentos palatáveis, como muitos ultraprocessados, atuam no cérebro também tem sido objeto de investigação.

Em um artigo na revista Nature Reviews Neuroscience, o pesquisador Paul J. Kenny destaca que existem mecanismos celulares e moleculares compartilhados entre a obesidade e o vício em drogas.

"Alimentos saborosos e drogas de abuso podem desencadear adaptações moleculares comuns nos sistemas de recompensa do cérebro, incluindo aumentos no fator de transcrição ΔFosB. Essas respostas neuroadaptativas provavelmente contribuem para o desenvolvimento da obesidade e do vício", escreveu o autor.

Esses estudos oferecem importantes evidências sobre como o cérebro responde aos doces e gorduras. 

No entanto, é importante ressaltar que mais pesquisas são necessárias para uma compreensão completa desses processos.

Entender como os alimentos afetam o cérebro pode fornecer informações importantes para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento da obesidade e distúrbios relacionados à alimentação.

Refrigerantes, embutidos e carnes processadas: veja quais alimentos podem deixar o metabolismo lento.

O metabolismo é o principal responsável por gerar energia e manter o corpo em movimento. Então, o que acontece se esse mecanismo começa a funcionar com lentidão? Além do ganho de peso, um metabolismo lento pode ser responsável pelo surgimento de uma série de doenças, conforme explica a nutricionista e biomédica da Clínica NutriCilla Ana Paula Kessler. 'O metabolismo lento pode estar relacionado a maus hábitos e estilo de vida, como alimentação ruim, poucas horas de sono, baixo consumo de água e sedentarismo. Alguns alimentos têm o poder de acelerar o metabolismo e outros podem deixá-lo mais lento', afirma. A seguir, veja quais alimentos podem contribuir para o mau desempenho do metabolismo .

Os alimentos embutidos são considerados vilões em qualquer contexto no qual se discute alimentação saudável e bem-estar. Portanto, em relação ao metabolismo, não seria diferente. Assim, evitar o consumo de presunto, peito de peru, salsicha, salame e mortadela, por exemplo, é importante para garantir uma boa qualidade de vida. 'Alimentos mais gordurosos e industrializados são os responsáveis por um metabolismo mais lento', afirma a nutricionista .

O consumo excessivo de açúcar também pode impactar o metabolismo negativamente, de acordo com a especialista. Isso acontece porque o açúcar em grandes quantidades pode provocar um pico de insulina no corpo, o que, posteriormente, será transformado em gordura pelo fígado .

O refrigerante, pela alta concentração de açúcar e conservantes na sua composição, também não é nem um pouco benéfico para o metabolismo. Além disso, a bebida contém cafeína entre seus ingredientes, o que, segundo Ana Paula, leva o corpo a um estado de estresse metabólico. '[Com os refrigerantes,] o pâncreas precisa trabalhar mais para produzir insulina, e retira as reservas de magnésio e cálcio dos ossos. A pessoa fica desidratada, mais cansada e sonolenta, além de eles serem viciantes', explica .

Os sucos industrializados também não são bem-vindos nesse caso, não só pelo excesso de açúcar, mas pelos corantes artificiais e espessantes. '[Esses componentes] podem causar processos alérgicos e irritação estomacal e prejudicam o processo metabólico e o neurológico', afirma Ana Paula .

As carnes ultraprocessadas, como hambúrgueres industrializados e nuggets, são ricas em gordura, sal e conservantes, além dos corantes e aditivos químicos para tornar a cor, o cheiro e o sabor mais agradáveis. Pela lista de ingredientes nada saudáveis, já é possível imaginar o estrago que esses alimentos podem provocar no metabolismo se consumidos de forma exagerada.

Abusar do consumo de bolachas e biscoitos também não é uma boa pedida. Geralmente esses alimentos contêm grandes quantidades de açúcar, o que aumenta as chances de serem transformados em gordura pelo corpo e, consequentemente, deixarem o metabolismo mais lento, segundo a nutricionista.

Para uma alimentação saudável, não basta pensar só na qualidade dos alimentos; os temperos usados no processo de cozimento também merecem atenção e, em alguns casos, podem causar problemas sérios para a saúde. '[Eles] contêm excesso de corantes, toxinas e sódio, o que pode elevar a pressão arterial, causar retenção de líquidos, piorar o sistema imunológico, aumentar o risco de doenças crônicas e de doenças renais', afirma a nutricionista .

Se a lista do que evitar parece extensa, a de alimentos que contribuem para o desempenho metabólico não deixa a desejar. Segundo Ana Paula, para garantir que o metabolismo funcione de forma rápida, vale apostar em peixes, oleaginosas, carnes magras, abacate, azeite de oliva extravirgem, semente de abóbora, aveia, frutas secas, chá verde, canela, gengibre, atum e brócolis