O centrão intensificou as exigências por cargos de alto escalão no governo federal, e um dos postos que entraram na mira do grupo político foi o comando da Caixa Econômica Federal. O banco é liderado atualmente por Rita Serrano, que tem enfrentado dificuldade para agradar à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depois da aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, Lula foi cobrado por dirigentes do centrão a ampliar o espaço do grupo no governo. Com Rita em um momento delicado à frente da Caixa, o centrão avalia que pode convencer o presidente a acomodar uma indicação política.
Rita ainda não conseguiu agradar ao governo e — segundo membros do governo — o desempenho dela tem deixado Lula insatisfeito. Um dos episódios que geraram mal-estar no Executivo foi o anúncio de que a Caixa passaria a cobrar uma tarifa nas operações Pix de pessoas jurídicas. A medida repercutiu de forma negativa e o governo precisou voltar atrás por ordem de Lula.
Outra reclamação do trabalho da atual presidente do banco é de que ela estaria retardando a liberação de recursos para projetos patrocinados pela Caixa e, ainda, criando dificuldade para atender a demandas de políticos.
Uma mudança na chefia da Caixa poderia amenizar as cobranças do centrão por mais presença em cargos de importância do governo. O grupo já conseguiu derrubar a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que vai ser substituída pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), e tem pedido o comando de ao menos mais duas pastas: Esportes e Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Na semana passada, em meio à votação da reforma tributária e do projeto de lei que retoma o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), Lula empenhou (reservou para uso) um valor recorde de R$ 8,5 bilhões em emendas parlamentares. A quantia corresponde a mais da metade do que foi empenhado ao longo de todo o ano, R$ 16,2 bilhões.
Ainda assim, o movimento do governo não foi suficiente para atender aos interesses do centrão. O grupo “cobra a fatura” da aprovação em troca de consolidar a base de apoio a Lula, sobretudo na Câmara, que no momento tem sido mais fiel ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), do que ao governo.
O PP é um dos partidos que mais mostram interesse em embarcar na gestão Lula. Na última sexta-feira (7), o presidente recebeu no Palácio da Alvorada dirigentes de diversos partidos para “comemorar” a aprovação da reforma tributária, e o partido de Lira compareceu em peso. Além do presidente da Câmara, estiveram no encontro o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o líder do PP na Câmara, André Fufuca (PP-MA).
Em meio às negociações com o centrão, Lula busca uma forma de não se indispor com o PT, em especial porque o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome é comandado por Wellington Dias, que é filiado ao partido. A tendência é de que, caso o presidente confirme as mudanças, o ministro seja remanejado para outro posto de importância na Esplanada.