De nada adiantou a felicidade pela classificação com autoridade do Flamengo para a semifinal da Copa do Brasil.
Vencendo o Athletico Paranaense por 2 a 0, em plena Arena da Baixada, em Curitiba.
Com direito até a Gabigol comemorar seu gol comendo biscoito atirado pela torcida rival.
O presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol, Marcos Braz, decidiram.
Nada de a torcida acompanhar a comemoração dos jogadores e de Jorge Sampaoli.
Lei do silêncio.
Para protestar contra um gol de Gabigol anulado pelo VAR, que despertou inúmeras dúvidas. E também pela expulsão de Gerson, que não atuará no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil contra o Grêmio.
O clube repete o que fez o Palmeiras e a direção flamenguista protestou: joga os árbitros, a CBF, a organização do futebol brasileiro contra a opinião pública.
Pior que no gol anulado de Gabigol, quando o Flamengo já vencia por 1 a 0 e poderia decretar antecipadamente a classificação rubro-negra, não há como afirmar que ele estava impedido, pelas imagens mostradas pelo VAR.
"Por determinação da direção de futebol, atletas e o técnico Jorge Sampaoli não concederão entrevistas após a classificação do Flamengo na Copa do Brasil. Trata-se de um protesto pelos erros repetidos e absurdos durante a partida", publicou o clube nas redes sociais para justificar o silêncio.
O clima de confronto, que já dominava o futebol brasileiro, só piorou.
O clube mais popular do país, com cerca de 40 milhões de torcedores, vence um jogo importantíssimo e se cala, depois de uma classificação marcante.
E traz, de propósito, pressão enorme para os próximos confrontos do Flamengo. Quer nos dois jogos que já seriam tensos contra o Grêmio, de Renato Gaúcho, eterno sedento de vingança pela maneira com que foi descartado na Gávea, assim também como no Brasileiro.
O jogo em Curitiba foi eletrizante, com o Athletico dominando as ações, mas não sendo efetivo nas definições, no chute final a gol.
O Flamengo, confortável pela vitória por 2 a 1 no Maracanã, esperava apenas os contragolpes para agir de forma traiçoeira.
Depois de tomar uma bola na trave de Vitor Roque, a vingança.
Mas foi o acaso que pôs o time carioca em vantagem. Depois de cabeçada de Arrascaeta para o meio da área, Erick se apavorou. E cabeceou contra o próprio gol, fazendo o Flamengo marcar 1 a 0, aos 45 minutos do primeiro tempo. Uma ducha de água gelada no entusiasmo paranaense.
No segundo tempo, o Athletico ainda mais aberto, tentando empatar o jogo. E criar mais força para virar o resultado.
Só que deixava sua defesa aberta.
E tomava contragolpes, como aos 14 minutos, quando Arrascaeta lançou Gabigol. Ele correu, driblou Bento e marcou.
As linhas do VAR foram imprecisas. O lance parecia mais do que legal, daí a revolta carioca.
Os jogadores e Jorge Sampaoli chegaram a comemorar.
Ficou ridículo.
Mesmo com o nervosismo atrapalhando o Athletico e o Flamengo marcando seu segundo gol, com Gabigol, aos 28 minutos, o clima seguiu ruim.
Biscoitos foram atirados em sua direção.
Muito consciente, ele comeu os biscoitos.
Festa contida dos jogadores. Nenhuma palavra à imprensa.
Mas há a confiança de que o time é melhor do que o Grêmio, que venceu o Bahia, de forma injusta. Nos pênaltis, por 4 a 3, depois de empate em 1 a 1.
E que a caríssima equipe pode chegar à final da Copa do Brasil.
Dependendo do que acontecer no Allianz e no Maracanã, os protestos não vão parar.
Mas para isso terá, antes, de eliminar o "copeiro" Grêmio, de Renato Gaúcho, que nunca perdoou ter sido dispensado pela porta dos fundos na Gávea.
A credibilidade do futebol brasileiro está em jogo...