No sábado, dia 2, a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Bibliotecas, Dandara Baçã, acompanhou a equipe do Departamento de Cultura de Juína em uma visita à Aldeia Indígena Primavera, do povo Rikbaktsa, na divisa com munícipio de Brasnorte, onde será implantada a primeira BibliOca do país.
De acordo com Dandara, não há no cadastro do Sistema Nacional de Bibliotecas, nenhuma iniciativa desta natureza.
“Em nosso sistema não há a existência de uma BibliOca, estou muito feliz em participar da gestação da primeira biblioteca indígena que não esta vinculada com alguma escola, esta é uma iniciativa maravilhosa que levarei como exemplo para todo país. Juína tem alcançado resultados importantes nessa luta incessante em democratizar o acesso a leitura, parabéns, vocês são inspiradores, ”, disse a coordenadora.
Para Adriano Souza, secretário-adjunto de Cultura, a construção de BibliOcas é a garantia de oportunizar o acesso à pesquisa, a leitura e a história de cada povo indígena.
“Nós temos uma dívida incalculável com os povos indígenas, incluí-los no universo da leitura, através de uma BibliOca, construída por eles nos moldes tradicionais, onde o acervo será bilíngue, num contexto inclusivo, participativo e interativo, vai revolucionar, sem dúvidas alguma, o dia a dia de nossas aldeias” destacou Adriano.
De acordo com Patrícia Itaibele, coordenadora do programa municipal de fomento à leitura, e idealizadora do projeto, as BibliOcas serão construídas pelas comunidades, e o município de Juína fará gestão com órgãos estaduais e nacionais para aquisição de acervos.
“O munícipio não terá custos financeiros, a idéia é que cada etnia aceite a proposta de construir sua BibliOca, mantendo suas tradições arquitetônicas. O acervo literário será adquirido através de parcerias com organismos estaduais e nacionais, já o acervo da etnia será composto por monografias, pesquisas e estudos já realizados por acadêmicos e pesquisadores, bem como por toda produção textual produzida por cada povo, devidamente traduzidos para a língua materna deles, garantindo assim a preservação linguística e cultural”, disse Itaibele.
A construção da BibliOca deverá ficar pronta em no máximo sessenta dias, garantiu o cacique Nilo Rikbaktsa.
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“Nosso povo esta feliz e empolgado com esta proposta, vamos agora unir a comunidade e começar a construção, creio que em dois meses, tudo estará pronto”, disse o cacique.
A implantação de BibliOcas também serão apresentadas às etnias Cinta Larga e Enawenê Nawê. Participaram também da visita, o secretário municipal de Esportes, Lazer e Turismo, Wilson Filho, o servidor da Funai, Cavalcante e a equipe de jornalismo do Programa “Cultura e Arte”, da Tv Nazaré.
O Povo Rikbaktsa
Os Rikbaktsa, conhecidos como "Orelhas de Pau" ou "Canoeiros", tidos como guerreiros ferozes na década de 1960, enfrentaram um processo de depopulação que resultou na morte de 75% de seu povo. Recuperados, ainda hoje impõem respeito à população regional por sua persistência na defesa de seus direitos, território e modo de vida