A Caixa Econômica Federal informou que já renegociou mais de R$ 51 milhões em dívidas nos três primeiros dias do programa Desenrola Brasil. Mais de 22 mil clientes aderiram ao programa com o banco público. Ainda há espaço para aumentar o número de renegociações, uma vez que a Caixa informa que tem 13 milhões de clientes com dívidas.
Segundo a presidente do banco, Rita Serrano, o acesso à página da instituição na internet subiu de 69 mil acessos diários para mais de 1 milhão — “e a maioria procurando informações do Desenrola”.
Rita acrescentou que o banco ampliou de 96 para 120 meses o prazo máximo para o pagamento das prestações da renegociação, ou seja, dez anos. “As pessoas terão duas opções. Elas podem fazer a quitação da dívida com 90% de desconto ou podem parcelar isso em 120 meses”, explicou a presidente, que visitou uma agência da Caixa no Guará, região administrativa do Distrito Federal.
“Estamos abrindo todas as agências do país uma hora mais cedo e, inclusive, temos um caminhão-agência em Santos [SP], em local estratégico para atender. Então há uma expectativa nossa de ter um público grande para renegociar dívidas”, completou.
A agência do DF visitada pela presidente da Caixa ainda estava vazia no início da manhã desta sexta-feira (21). As pessoas endividadas contam que precisam conhecer melhor o programa antes de entrar com o pedido de renegociação. A trabalhadora doméstica Nalva Frazão Muniz afirmou que a oportunidade é boa, mas que precisa estudar a proposta melhor. “Eu estou com nome sujo, também preciso limpar”, disse.
O programa criado pelo governo federal visa renegociar dívidas de pessoas com nome negativado na tentativa de reativar o consumo no país e estimular a economia. Arthur Wittenberg, economista do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais), diz que o programa traz oportunidades para as pessoas e empresas, uma vez que os consumidores podem voltar a tomar crédito, estimulando a produção de bens e serviços no Brasil.
“O aumento do consumo pode levar as empresas a expandir sua produção para atender à demanda crescente, e essa expansão dos negócios pode resultar em uma maior necessidade de mão de obra, contribuindo para a geração de empregos no país”, explicou.
Wittenberg ressaltou, contudo, que há o risco de um novo superendividamento das famílias, o “que pode colocar essas pessoas de volta na mesma condição em que estão atualmente”. Sobre o prazo de 120 meses oferecido pela Caixa, o economista diz que grande parte dos endividados prefere alongar a dívida, mesmo pagando mais juros.
“Pense em alguém que ficou com o orçamento mais apertado em função de uma despesa inesperada ou que perdeu o emprego ou mesmo alguém que não consegue fechar as contas no curto prazo. Vai preferir isso [prazo mais longo]. Nesse caso, o risco para as pessoas é ir alongando muito e contratando outras dívidas. Em dez anos, podem ocorrer diversas alterações na renda das pessoas”, ponderou.