A Câmara dos Deputados escolheu a Fundação Getulio Vargas (FGV) como banca organizadora do concurso público que pretende realizar ainda neste ano para o cargo de analista legislativo. Serão pelo menos 140 vagas imediatas em dez especialidades. O edital da nova seleção ainda não tem data prevista de publicação. A última seleção da Casa foi em 2014 e teve 60 cargos para agente de polícia legislativa e 53 para consultor legislativo.
O salário inicial é de R$ 26.196,30 para cargos de nível superior, com carga de trabalho de 40 horas semanais. Acionada para dar mais detalhes, a Câmara dos Deputados ainda não respondeu ao R7.
A efetivação do contrato com a FGV para realizar o concurso "dependerá da anuência das instâncias superiores", informa o site da Câmara dos Deputados. A Casa disse que informações técnicas nortearam a escolha da banca. "Foram adotados, entre outros, os seguintes critérios para análise das propostas: o prazo de execução das principais etapas do certame, as medidas de segurança utilizadas usualmente para prevenção de fraudes, a experiência na realização de certame com número de inscritos superior a 50 mil candidatos e o valor total a ser pago", afirmou.
A FGV é conhecida por ser a responsável atual pela realização do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O concurso terá provas objetivas, discursivas e de títulos. Das vagas, 20% são reservadas a quem se autodeclarar negro — ou seja, preto ou pardo — e 5% são destinadas a pessoas com deficiência, conforme a lei nº 8.112/1990.
Para conquistar a estabilidade no cargo, é preciso passar no período de estágio probatório, que é de três anos. Acesse aqui a íntegra do projeto-base do concurso, que contém detalhes sobre a realização do exame.
Atualmente, a Câmara tem 14.403 funcionários, mas a minoria é de concursados: são 2.573, segundo o Portal da Transparência da instituição — o que corresponde a 17,86% do total. A maioria é composta de secretários parlamentares, que são indicações diretas dos deputados federais.
A seleção foi autorizada em 24 de maio pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). "Tendo em vista a necessidade de recomposição da força de trabalho da Câmara dos Deputados, em especial ante os cargos vagos já existentes, bem como a expectativa de aposentadorias até o ano de 2026, a Mesa Diretora autoriza a realização de concurso público para o provimento de cargos efetivos da Casa", diz o despacho.
Fernando Mesquita, analista legislativo licenciado da Câmara dos Deputados e professor do Gran Cursos, diz que ainda dá tempo de começar a se preparar. "Começar hoje é melhor do que não começar. A aprovação não depende só da prova em si, mas também do empenho do candidato, da qualidade dos materiais e do estudo dele", afirma.
"Uma prova dessas para 99% das pessoas talvez exija um, dois, três anos de estudos, mas haverá pessoas que não estão na média que precisarão de muito menos tempo e outras que precisarão de mais. Estamos falando de um dos concursos mais sofisticados do país, reflexo da remuneração. Claro que a prova, por si, chamará candidatos dos mais diferentes calibres, e isso aumenta a qualidade da concorrência", explica Mesquita.
A "grande dica" para a banca FGV, de acordo com o professor, é "resolver muitas questões, estudar português bastante (o português da FGV elimina muitos bons candidatos), ser esperto na hora de ler os textões, sem ficar perdendo tempo demais, e já tentar avaliar nas questões onde pode estar o erro".
Administrar o tempo de prova também é necessário. "É uma prova extremamente cansativa, textos longos, muitos detalhes. É importante começar pela disciplina de que você mais gosta e em que mais tem facilidade, para conservar energia para as mais difíceis ao final", aconselha.