O caos domina o Flamengo.
O clube mergulhou em uma crise sem precedentes às vésperas de decidir sua sorte na Libertadores, competição mais importante de 2023.
Quem acreditou que a delicada situação de sábado (29) à noite, em Belo Horizonte, estava resolvida errou feio.
Não bastou o clube demitir o preparador físico Pablo Fernández, pelos três tapas no rosto e o covarde soco que deu na boca de Pedro, por não manter o aquecimento mesmo sabendo que não entraria em campo contra o Atlético, já que todas as substituições possíveis tinham sido feitas.
Depois da agressão a Pedro, Gerson, em represália, empurrou o preparador físico contra a parede e só não o espancou porque foi contido por seguranças no vestiário do estádio Independência.
A situação foi parar na polícia, com Pedro prestando queixa contra Fernández, por agressão, ainda em Belo Horizonte.
Jorge Sampaoli agiu de maneira decepcionante. Deu coletiva como se nada tivesse acontecido, no sábado, após a vitória contra o Atlético, por 2 a 1. Sua postura ontem foi pior ainda. Nas redes sociais, escreveu que entendia que tudo poderia ser resolvido "na conversa". Criticou a violência, mas não ficou abertamente contra seu preparador físico.
Para continuar treinador do Flamengo, teve de aceitar a sumária demissão "por justa causa", de Fernández, ontem.
Tudo resolvido?
De jeito nenhum.
Hoje pela manhã mais um capítulo que tem tudo para ser muito grave.
Pedro não compareceu ao treinamento.
Era importante porque Sampaoli queria focar os principais pontos fortes e fracos do Olimpia, adversário das oitavas da Libertadores, cujo primeiro jogo será na quinta-feira (3), no Maracanã.
A situação é grave porque, no sábado, Pedro detalhou nas redes sociais a agressão que sofreu. Mas foi além. Deixou claro que tinha "poucos minutos" para jogar com Jorge Sampaoli. E que sofria "covardia psicológica". Ou seja, era tratado como um mero reserva de Gabigol, titular absoluto.
A direção do Flamengo, na noite de ontem, que manteve Sampaoli e confirmou a demissão de Fernández, havia decidido, por interferência do treinador, punir Pedro, por não continuar se aquecendo, como foi ordenado pelo preparador físico.
Ele seria multado.
Pedro soube dessa situação.
E não só não compareceu ao treinamento. Setoristas do Flamengo estão afirmando que pode acontecer um rompimento definitivo.
Com o jogador pedindo sua venda, aproveitando a janela aberta para a Europa.
Ele não quer continuar trabalhando com Jorge Sampaoli.
Considera que sua carreira está indo para trás com o técnico argentino. E não quer mais ser mero reserva de Gabigol.
Se não houver a venda, há outra situação pior para o Flamengo.
Pedro pode entrar na Justiça para pedir sua rescisão do clube por ser agredido por um superior. A "covardia psicológica" pode se enquadrar em assédio moral.
A lei prevê que o empregador — no caso, o Flamengo — deveria proporcionar proteção a seu funcionário. Evitar que ele fosse agredido no ambiente de trabalho.
O que não aconteceu.
A segunda-feira na Gávea começou muito tensa.
E tudo vai depender da postura de Pedro.
Seu empresário, Daniel Nassif, já havia deixado claro, ontem, nas redes sociais, que o jogador poderia agir de maneira radical à agressão que sofreu e ao desprezo de Sampaoli por ele.
"Isso aqui não é Argentina, não.
"E vamos até as últimas consequências para defender nosso cliente."
Disciplinado, Pedro não é de faltar a treinamento.
Ainda mais às vésperas de uma partida decisiva na Libertadores.
O temor é que ele vá buscar sua rescisão do Flamengo na Justiça.
Até porque a direção sabe do desconforto com Sampaoli há meses.
E não tomou a menor providência.
Pedro já não disputou a Olimpíada do Japão por negativa do Flamengo.
Quase não joga na Copa do Catar por conta dessa postura.
O clube carioca já negou vendê-lo ao Palmeiras.
E ele continua na reserva.
O atacante tem 26 anos.
O soco na boca pode ter sido a gota-d'água para o jogador...