O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rebateu nesta segunda-feira (7) a fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em que ele cita a formação de uma aliança das regiões Sul e Sudeste em resposta à articulação dos chefes de Executivo dos estados do Nordeste. Nas redes sociais, o presidente do Congresso defendeu a cultura da união nacional e disse que os mineiros não "cultivam" a "cultura da exclusão".
"Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país", escreveu.
Neste domingo (6), o ministro da Justiça, Flávio Dino, também criticou o posicionamento de Zema e ressaltou que criar distinções entre brasileiros é proibido na Constituição Federal e que aquele que optar por esse caminho é "traidor da pátria".
Dino também classificou a ideia de "absurda" e chamou os interessados no assunto de "extrema direita". "É absurdo que a extrema direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido 'criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si'. Traidor da Constituição é traidor da pátria, disse Ulysses Guimarães", afirmou Dino.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, representante e do mesmo partido de Pacheco (PSD), também reagiu às declarações de Zema. Em uma rede social, o ministro afirmou que as falas do governador são "absurdas" e que é "inaceitável que um governador de um estado tão importante como Minas Gerais estimule discursos preconceituosos".
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no sábado (5), Zema disse que os governadores do Sul e do Sudeste querem mais "protagonismo" na política e na economia e pretendem agir em bloco para evitar perdas econômicas em comparação às outras regiões. O grupo também pensa, segundo o governador, em um possível lançamento de um candidato de direita à Presidência nas eleições de 2026.
"Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos: 'Não, senhor'. Nós queremos proporcional à população. Por que sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente", afirmou Zema.
A declaração resultou em críticas. Para o governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), o governador mineiro cometeu equívocos e foi "infeliz" nas declarações. Além disso, para Azevêdo, a declaração de Zema estimula uma divisão entre as regiões no país e não deve ter o apoio dos demais gestores estaduais na mobilização.
"É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no país, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa", afirmou Azevêdo.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), saiu em defesa da ideia anunciada por Zema. De acordo com Leite, o que o grupo quer é agir por mais equilíbrio na reforma tributária, e não "discriminar" nenhuma região.
"Nunca achamos que os estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos estados do Sul e Sudeste", disse Leite.