O hacker Walter Delgatti afirmou nesta quinta-feira (17) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu indulto a ele para assumir um suposto grampo feito por agentes estrangeiros ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Delgatti está preso desde o início de agosto, depois de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal.
Delgatti disse ter concordado em assumir o grampo por ser uma “proposta do presidente da República” e que poderia pôr em xeque a credibilidade de Moraes com o objetivo de anular as eleições. O ex-presidente ainda teria dito ao hacker que ele ficasse “tranquilo”. “Caso um juiz mande te prender, eu mando prender o juiz”, teria afirmado Bolsonaro.
O hacker tem o direito de ficar em "silêncio" após uma decisão do ministro do STF Edson Fachin, mas está respondendo aos questionamentos dos parlamentares. "O direito ao silêncio confere à pessoa, independente se investigada ou testemunha, que comparece perante qualquer dos Poderes públicos a prerrogativa de não responder a perguntas cujas respostas, em seu entender, possam incriminá-la”, afirmou Fachin.
A convocação do hacker à CPMI foi um pedido da ala governista e foi aprovado um dia depois de sua prisão. A base do governo afirma que Delgatti tem "envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”. Por se tratar de uma convocação, Delgatti é obrigado a comparecer à comissão.
O depoimento dele à CPMI ocorreria na semana passada, mas foi adiado. Preso desde o início do mês, ele prestou esclarecimentos à Polícia Federal nesta quarta (16). Durante o depoimento, ele afirmou que recebeu quantias em dinheiro da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que supostamente queria que ele "invadisse a urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça" com o objetivo de demonstrar uma possível fragilidade do sistema judicial.
Ele foi detido por suspeita de invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O hacker depôs na PF sobre a suposta tentativa de inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.