Após participar da Cúpula do Brics, na África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpre agenda, nesta sexta-feira (25), em Angola. No país, o chefe de Estado vai se encontrar com o presidente angolano, João Lourenço. Serão tratados os temas da agenda de cooperação bilateral e o reforço das ligações históricas entre os dois países.
De acordo com a agenda oficial, Lula saiu de Joanesburgo, capital da África do Sul, na noite da última quarta-feira (24) e chegou em Luanda por volta de 21h15 (horário local). As relações diplomáticas entre os dois países existem desde 1975, quando o Brasil foi a primeira nação a reconhecer a independência de Angola.
Em 2010, no segundo mandato do petista à frente do Palácio do Planalto, os governos brasileiro e angolano firmaram uma parceria estratégica para ampliar a cooperação em diversas áreas. "Além de se reunir com o presidente João Lourenço, o presidente Lula vai se dirigir à Assembleia Nacional de Angola e também participar de um seminário, onde vai falar de um projeto no Vale do Cunene, e de um evento empresarial que deverá ter a presença de cerca de 60 empresários brasileiros", disse o secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Duarte.
O Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene, área no sul do país castigada pela seca, é desenvolvido a partir de parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e utiliza técnicas de agricultura e irrigação aplicadas no Vale do Rio São Francisco, que possui condições climáticas e de solo semelhantes a essa região.
Lula segue em Angola no sábado (26) e, no domingo (27), vai a São Tomé e Príncipe para participar da 14ª Conferência de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A entidade tem como membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
"É um foro importante para os países de língua portuguesa estabelecerem apoio mútuo para outros organismos internacionais. A presidência da CPLP será passada de Angola para São Tomé e Príncipe nessa cúpula, depois de uma atuação forte em termos de cooperação econômica nos últimos anos", explicou Duarte.
Na primeira visita oficial ao continente africano neste ano, Lula saiu da Cúpula do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — com um documento que defende, de maneira geral, os interesses econômicos e internacionais dele. Como mostrou o R7, a Declaração de Joanesburgo critica a Organização das Nações Unidas (ONU) e pede uma reforma do atual Conselho de Segurança do organismo internacional. Além disso, o texto cita uma única vez a Ucrânia, não condena a Rússia e se mostra favorável à ideia de uma moeda comum do bloco.
Atualmente, o Conselho de Segurança da ONU é composto de forma permanente por Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. Todos os anos, a Assembleia-Geral elege cinco membros não permanentes para um mandato de dois anos. Esses assentos são distribuídos regionalmente da seguinte forma: cinco para os grupos dos Estados africanos e asiáticos; um para o grupo dos Estados do Leste Europeu; dois para o grupo da América Latina e Caribe; e dois para o grupo dos Estados da Europa Ocidental e outros Estados.
Desde que assumiu o comando do Palácio do Planalto, Lula fez diversas críticas ao organismo e defende a ampliação dele. "É preciso de mais gente no Conselho de Segurança como membro permanente, e é preciso acabar o direito de veto. Não sei se você percebe, mas as últimas três guerras foram feitas por membros do Conselho de Segurança: os Estados Unidos contra o Iraque, a Inglaterra e França contra a Líbia, e agora o Putin com a Ucrânia. São membros permanentes, fazem guerra. Qual o respeito que vão ter dos outros?", disse ele no início deste mês.
Além disso, Lula confirmou a ampliação do Brics — o grupo vai passar a contar com Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. A nova formação será responsável por 36% do PIB global em paridade de poder de compra e representará 46% da população mundial. "O Brics continuará aberto a novos candidatos e, para isso, aprovamos também critérios e procedimentos para futuras adesões", afirmou o presidente.