O deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) afirmou que o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, Arthur Maia (União-BA), será lembrado "como alguém que foi o pizzaiolo de uma pizza na CPMI". Marcon criticou o ritmo do colegiado, principalmente para aprovar requerimentos. Em sua defesa, Maia disse que tem trabalhado para garantir "equidade" na comissão, mas ameaçou mudar a estratégia e pôr em votação todos os requerimentos apresentados até agora, cerca de 800, de uma só vez.
"Se não tiver acordo, não me resta outra alternativa a não ser colocar todos os requerimentos de votação, e o resultado sabemos qual vai ser", afirmou o presidente da CPMI. Maia tem seguido um modelo de votação de requerimentos que funciona a partir de acordos construídos previamente.
Em conversas com os parlamentares de governo e de oposição, Maia tem negociado, segundo ele, de forma "equilibrada" quais requerimentos serão levados à CPMI. Esse formato foi definido para garantir que pedidos apresentados pela oposição também tivessem a chance de ser aprovados.
No entanto, o deputado Marcon afirmou que Maia tem deixado a desejar. "Presidente, eu vou lhe alertar, o senhor vai ser o pizzaiolo dessa pizza que está sendo gestada nessa CPMI. O seu nome, presidente, vai entrar para a história como alguém que foi o pizzaiolo de uma pizza aqui na CPMI, porque o senhor tem poder para mandar busca e apreensão no Ministério da Justiça [e Segurança Pública] e ter acesso às imagens que essa CPMI, de forma democrática, aprovou há mais de um mês", criticou.
O deputado se referia às imagens do Palácio da Justiça em 8 de janeiro, solicitadas pela CPMI ao ministro da pasta, Flávio Dino.
Maia lembrou que, no começo dos trabalhos da CPMI, houve votação de requerimentos diretamente no colegiado, e o governo acabou rejeitando todos os apresentados pela oposição. "Não será aprovado nenhum [dos requerimentos] da oposição, porque, como eu já disse, do ponto de vista numérico, para cada membro da oposição tem três do governo", explicou Marcon.
"Se essa CPMI tem agido com equidade, trouxe depoimento da oposição, do Gonçalves Dias, do representante da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], do fotógrafo da Reuters, foi por ação dessa presidência. Mas, se quiserem, não tem problema, estou tentando nesse momento da CPMI construir acordo, mas se Vossas Excelências quiserem, eu me retiro do acordo e boto todos os 800, 600 requerimentos que estão aqui na próxima reunião, e o resultado será o resultado da CPMI. Não venha com essa conversa de 'pizzaiolo', porque tenho responsabilidade no que faço", respondeu Maia.