O general Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República durante o 8 de Janeiro, negou ter adulterado o relatório com a relação de nomes que receberam informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos extremistas. "Não mandem ninguém adulterar nada, de nenhum documento ou retirar meu nome de relatório", disse em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta quinta-feira (31).
Mensagens trocadas entre o general e o então diretor-adjunto da Abin, Saulo Cunha, revelam o contrário. Na conversa a qual o R7 teve acesso, G. Dias, como é conhecido o general, questiona o ex-Abin sobre a possibilidade de excluir o nome dele do relatório que seria entregue ao senador Esperidião Amin (PP-SC), então presidente da Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso Nacional.
A troca de mensagens ocorreu em 17 de janeiro, três dias antes do envio do relatório ao Congresso. Além de pedir a retirada do nome, o ex-GSI se certifica de que o documento não chegou a ser compartilhado com outras pessoas e reitera a demanda pela exclusão.
Na CPMI, o militar justificou que solicitou "apenas, tão somente, que organizasse as informações que deveriam ser dadas a CCAI em uma lógica única: com os alertas de segurança aberto com informações de fontes abertas haviam sido passado em grupo de Whatsapp constituído de órgãos públicos, e não com meu nome", disse, completando que ele não integrava os grupos e usava o número particular. "Não constava o nome de pessoas no relatório, apenas órgãos. Determinei que informações fossem padronizadas a fim de respondermos a CCAI com presteza e com a verdade."
A mudança de versões é o principal gancho que parlamentares da oposição com quem a reportagem conversou devem explorar. O depoimento é estratégico para aliados de Jair Bolsonaro (PL), que querem proteger o ex-presidente.
Após a oitiva, o caminho estudado é a apresentação de um relatório paralelo que consiste em tirar Bolsonaro do foco e concentrar a responsabilização da invasão dos prédios dos Três Poderes nas forças de segurança do DF e na omissão dos gestores federais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).