Um escândalo de proporções alarmantes abalou o cenário policial no estado de Mato Grosso nessa última semana. Uma suposta associação criminosa, quiçá uma organização criminosa, formada por quatro indivíduos que ostentam o distintivo da Polícia Judiciária Civil, está sendo investigada após uma série de graves acusações feitas pelos Delegados de Juara, Dr. Eric Márcio Fantin, e Delegado Regional Dr. Marco Bortolotto Remuzzi.
Os policiais envolvidos nas alegações são os investigadores de Polícia Civil da cidade de Colniza, Rony Maik da Silva Almeida, Paulo Cesar França, Emerson Basílio Soares da Silva e Elizângela Souza Nunes, que também é citada como suspeita.
Os fatos descritos pelos delegados foram registrados no Boletim de Ocorrência de número 2023.284884 e apontam uma série de ações criminosas supostamente cometidas pelos policiais de Colniza, incluindo denunciação caluniosa, abuso de autoridade, e até mesmo envolvimento em tráfico de drogas.
Inconsistências na Recolha de Fiança - De acordo com o Boletim de Ocorrência, o Delegado Eric Márcio Fantin atuou temporariamente como titular da Delegacia de Colniza por três meses e, durante esse período, detectou diversas inconsistências no recolhimento de fianças arbitradas pela autoridade policial local. Essas suspeitas levaram à instauração de autos de investigação preliminar, que foram encaminhados à Corregedoria.
Denunciação Caluniosa - Além disso, os delegados alegam ter observado a prática de denunciação caluniosa contra um policial, mediante a instauração de um Auto de Investigação Policial por um suposto fato falso e sem despacho de autoridade policial.
Denunciação Caluniosa/Abuso de Autoridade - Houve também denunciação caluniosa e abuso de autoridade, alegadamente cometidos por meio da instauração de Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em desfavor de um credor da mãe do policial Rony. O procedimento teria sido instaurado sem despacho de autoridade policial em Colniza, embora o suposto fato atípico tenha ocorrido na cidade de Juína.
Suposto Envolvimento com o Tráfico de Drogas - Em um dos fatos mais alarmantes, o investigador Basílio teria informado ao Delegado Fantin que cerca de 20 aviões carregados com toneladas de drogas aterrissavam na cidade de Colniza todos os meses. Ele teria pedido ajuda para apreender um desses aviões, alegando que, caso conseguisse, seria removido da cidade por questões de segurança. No entanto, depois de supostamente mapear os aviões, Basílio teria desistido da investigação a pedido de um colega da Polícia Federal, alegando que "colegas no esquema" também estariam envolvidos. Essa informação foi comunicada ao Delegado Fantin, que aconselhou Basílio a fazer um relatório de inteligência, o que, até o momento, não teria sido feito.
Registro de Ocorrências Contra os Delegados - Em retaliação às investigações conduzidas pelos delegados Fantin e Remuzzi, os policiais de Colniza registraram três ocorrências policiais contra eles, alegando diversos crimes e infrações administrativas. A intenção seria, segundo os delegados, afastá-los das investigações.
Mensagens Comprometedoras - Em um episódio adicional que agravou ainda mais a situação, o investigador Basílio teria deixado aberto no computador da delegacia um aplicativo de mensagens que continha mensagens comprometedoras. Nestas mensagens, a investigadora Elizângela supostamente discute "quebrar" uma escrivã, acusando-a de entregar informações sobre os crimes praticados pelos suspeitos. Também foi mencionado um plano para sumir com objetos da delegacia e culpar a escrivã, o que poderia configurar coação no curso do processo.
Agressão a Menor de Idade - Por fim, no dia 02 de outubro de 2023, os policiais Rony e Basílio teriam agredido um menor de idade. Registram uma ocorrência alegando resistência à detenção por parte do menor, mas as gravações amplamente divulgadas na mídia contradizem essa versão, indicando que se trata de mais uma denunciação caluniosa. O Ministério Público do Estado já havia denunciado a tortura do menor anteriormente.
Diante da gravidade das acusações e do envolvimento de membros da Polícia Civil em Colniza, a Corregedoria instaurou procedimento para apurar os fatos. No entanto, as alegações também envolvem o Delegado Regional Marco Bortolotto Remuzzi, que nega qualquer envolvimento e alega ser vítima de denunciação caluniosa.
A situação está em constante desenvolvimento e será acompanhada de perto pelas autoridades, com potencial para abalar a credibilidade da Polícia Judiciária Civil do estado de Mato Grosso. As investigações continuam, e os envolvidos terão a oportunidade de apresentar suas defesas perante a justiça.