O mercado de carros usados gira em torno de 12 milhões de unidades vendidas anualmente. Para cada veículo novo, outros cinco são comercializados em lojas, concessionárias, feirões, auto-shoppings e também entre particulares. A pesquisa mais recente do Estudo de Performance de Veículos Usados (PVU), conduzida pela Auto Avaliar, mostra que os preços voltaram a subir após o término do programa de incentivo promovido pelo governo federal, com uma tendência de tíquete médio mais elevado devido a carros mais caros e volumes de vendas reduzidos.

Desde o alívio das restrições pós-pandemia, o preço dos carros usados caiu em todo o país, mas agora, no segundo semestre, observa-se um novo viés de alta.

As vendas desses carros usados registraram uma margem bruta de 12,3%, a maior do ano em setembro. Apesar dos preços e do aumento no tíquete médio, conforme mostrado pela pesquisa, o comércio de carros também está em declínio ao longo do ano, o que sugere uma retração.

Dados da Fenauto, que reúne informações de lojas de veículos usados, mostram que somente em setembro, o último mês pesquisado, as vendas caíram 6%, totalizando 744.552 veículos comercializados.

Ao cruzarmos o aumento na lucratividade das transações com a queda de 14% nas vendas de veículos novos entre agosto e setembro, é possível afirmar que, atualmente, os consumidores estão optando por adquirir veículos usados em vez de novos.

Mesmo assim, o comércio tem registrado uma queda. Menos carros estão sendo vendidos, e os preços estão mais elevados, o que explica o aumento na margem de venda das lojas, conforme revelado pela pesquisa mais recente.

Este é o segundo mês consecutivo de aumento no tíquete médio de cada carro vendido, que em agosto subiu de R$ 77.578 para R$ 78.767, um aumento de 1,53%. Nos últimos dois meses, a elevação foi de 5,43%. Essa tendência mostra uma mudança: carros mais caros e renda mais concentrada.

"Há uma tendência de recuperação dos preços com a volta da normalidade após o impacto do programa do governo, que estimulou a venda de carros novos por um curto período e desestabilizou o mercado de usados", explica J.R. Caporal, CEO da Auto Avaliar. O estudo da Auto Avaliar abrangeu 2.492 concessionárias de 23 marcas cadastradas em todo o Brasil.