Após interromper a série de deflações em setembro, o IGP-M (Índice Nacional de Preços — Mercado), indicador responsável pelo reajuste de parte dos contratos de aluguel no Brasil, ganhou ritmo ao subir 0,5% em outubro, segundo dados revelados nesta segunda-feira (30) pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Com a segunda alta desde março, o índice agora apresenta queda de 4,57% no acumulado dos últimos 12 meses, taxa que aparece negativa pelo sétimo mês consecutivo. Apesar de o valor representar uma aceleração ante a baixa de 5,97% no mês anterior, a variação mostra que as locações atreladas ao indicador com vencimento em novembro não sofrerão reajustes.
O percentual acumulado do IGP-M é aquele que seria repassado às locações com aniversário de vencimento no próximo mês. No entanto, a maioria dos contratos possui cláusulas que barram o reajuste negativo do indicador, o que deve ocasionar a manutenção do valor pago atualmente.
A sequência de sete aparições da inflação do aluguel no campo negativo não era vista na economia brasileira desde o período encerrado em fevereiro de 2018, quando a taxa figurou em queda por dez meses seguidos.
O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola e industrial e na construção civil. Por isso, a variação é diferente daquela apresentada pela inflação oficial, que calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.
A variação de 0,5% do IGP-M no mês de outubro é a maior para um mês desde junho de 2022 (+0,59%). Em outubro do ano passado, o índice tinha registrado uma queda de 0,97% e acumulava uma alta de 6,52% nos 12 meses anteriores.
André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), explica que a alta apurada pelo IGP-M surge no momento em que os preços aos produtores continuam em aceleração, influenciada pelo aumento no preço de importantes matérias-primas, como bovinos (de -10,11% para 6,97%) e açúcar (de -2,7% para 12,88%).
"Essas mudanças, que afetam parcialmente os itens que impactam os preços dos produtos finais no varejo, em breve contribuirão para atenuar a deflação observada no grupo alimentação. [...] Esta classe de despesa tem atuado como um elemento de estabilização, impedindo que a inflação ao consumidor acelere em 2023", afirma Braz.