As famílias do mototaxista Reinaldo Ribeiro de Barros, de 38 anos, e do vendedor Rubens Eloi da Silva, de 53, reconheceram como sendo eles os dois homens que foram decapitados supostamente pela facção Comando Vermelho, em Cuiabá, no final de semana.
As decapitações foram filmadas pelos assassinos e divulgadas em redes sociais. Os corpos ainda não foram localizados. Os suspeitos também não foram identificados e presos.
“As famílias registraram um boletim de ocorrência dizendo que tomaram conhecimento dos vídeos e confirmaram que as vítimas são mesmo o Reinaldo e o Rubens”, disse delegada Juliana Palhares, da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), sem revelar muitos detalhes da investigação.
A suspeita é de que o duplo homicídio seja uma vingança da facção pelo assassinato da grávida Viviane da Silva Ângelo, de 18. Viviane foi encontrada morta no dia 18 de fevereiro na Ponte de Ferro, sobre o Rio Coxipó, em Cuiabá.
O mototaxista Reinaldo foi quem levou Viviane até a Ponte de Ferro e Rubens, seria o executor da grávida.
Juliana Palhares disse que a Polícia ainda não tem confirmação a respeito da motivação do duplo homicídio.
“Aparentemente por guardarem alguma conexão com o crime contra a grávida, talvez possa ter sido esse o motivo, mas tudo isso ainda será investigado”, disse.
A delegada ainda relatou que a DHPP tem feito buscas pelos corpos diariamente e conta com o apoio do helicóptero Águia do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
“Já foram feitas diversas diligências através de denúncias anônimas que recebemos e de informações dos familiares. Hoje pela manhã foi feito um voo com apoio do Ciopaer na região da Ponte de Ferro, bem como sobre outras localidades, mas não conseguimos até o momento a localização dos corpos” pontuou.
As decapitações
No vídeo, uma das vítimas aparece de joelhos e um homem mascarado corta seu pescoço com um facão.
Nas imagens ainda é possível ver a outra vítima caída no chão, supostamente já morta. O homem mascarado se abaixa e também decapita a vítima.
Horas antes da divulgação do vídeo, a polícia havia tomado conhecimento do desaparecimento de Reinaldo e Rubens e recebido imagens deles sendo torturados.
As imagens recebidas pela polícia mostram o mototaxista com o rosto machucado e interrogado por um homem, que o questiona sobre o o que ocorreu no dia do assassinato da grávida.
“O que aconteceu foi isso: eu levei ela na casa da avó dela e umas 19 horas ela me ligou para buscar ela. Eu busquei para levar ela embora. Na metade do caminho, o celular dela tocou e eu escutei ela falar: 'Fala o que você quer, Matheus'. Daí ela falou: 'Negão, vamos ali que vou fazer um corre'”, disse o mototaxista.
O homem pergunta quem era o “cara” que estava esperando ela no mato e o motoxista cita “Zulu”.
“Eu não contei a verdade antes porque estava com medo dele me matar, de matar minha filha”, disse o mototaxista.
Em outro vídeo, Rubens é amarrado e interrogado pelo mesmo grupo.
Ele confessou ser o mandante do crime e que apenas ele e “Zulu” sabiam do caso. Ele contou ainda que matou a jovem por ciúmes e que tinha certeza de que o filho não era dele.
Assassinato de grávida
De acordo com a Polícia Civil, Viviane estava grávida de sete meses e havia desaparecido no dia 16 de fevereiro. O corpo dela foi localizado em avançado estado de decomposição no dia 18.
Viviane saiu da casa da avó na sexta-feira dizendo que ia para casa da mãe dela, porém mudou o caminho.
O mototaxista chamado para atender a jovem disse que a pegou no Bairro Jardim Vitória, em Cuiabá, e a levou para a estrada da Ponte de Ferro, em um bar.
Ele prestou depoimento na DHPP e disse que há seis meses prestava serviço de mototáxi para a vítima.
A testemunha relatou, ainda, que a jovem foi agredida por um homem quando desceu da motocicleta.
O resultado do exame de necropsia da jovem apontou que a causa da morte dela foi traumatismo craniano causado por golpes sofridos na face e no crânio.