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Uísque adulterado: veja como descobrir se comprou destilados falsificados

Delegado afirma que economia com a compra de produto paralelo pode custar a vida do consumidor devido a intoxicações

Data: Quinta-feira, 21/12/2023 09:32
Fonte: Pablo Nascimento, Do R7

A investigação de intoxicações e mortes possivelmente causadas por consumo de bebida adulterada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, acendeu um alerta nos consumidores: como identificar um destilado falsificado?

Para esclarecer a dúvida, o R7 ouviu um especialista e o delegado ligado à investigação do caso. Ambos destacaram que a observação precisa ser feita, principalmente na hora da compra.

Thiago Ceccotti, sommelier de cachaça e membro da Associação Brasileira de Sommeliers em Minas Gerais (ABS Minas), explica que não é possível cravar a alteração no produto a olho nu, mas é possível "identificar indícios e tomar precauções antes da compra". Para ele, o ponto principal é observar a embalagem dos produtos.

As dicas do especialista são:

 

1 – Conferir a existência de registro do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) no rótulo. São letras e números sequenciais. "Isso mostra que o produtor ou o importador estão regulares", explica Ceccotti;

 Observar se o lacre e a tampa da garrafa estão rompidos ou com falhas. "Eles precisam estar íntegros e sem avarias. Caso contrário, pode indicar abertura da garrafa para aduteração", detalha;

 Verificar se a bebida está com selo de papel-moeda. O material indica a regularização do produto quanto ao recolhimento de impostos.

Quem já está acostumado com produtos específicos pode perceber fraudes por meio de alterações na bebida, explica Thiago Ceccotti. "Se você identificar materiais estranhos ou aroma diferente, não consuma", alerta.

O sommelier explica que as dicas valem para identificar tanto a falsificação de bebidas famosas quanto irregularidade em produtos artesanais. "Mesmo aqueles artesanais precisam ter registro no Mapa. Para receber o selo, o produto e a unidade produtiva precisam passar por avaliação. Todas as bebidas legalizadas passam por um exame químico", completa.

Marcelo Cali, delegado regional de Betim que acompanha o caso das possíveis intoxicações, reforça a atenção a rótulos e lacres. O agente ainda chama a atenção para uma economia que pode sair cara para o consumidor. "Às vezes essas [as bebidas adulteradas] são mais baratas que as originais. As pessoas precisam ter cuidado, principalmente considerando o fim de ano, com o aumento do consumo. Essas bebidas falsificadas são nocivas à saúde e podem levar à morte de quem as ingere", diz ele.

Intoxicações em Betim

No início da investigação de intoxicações em Betim, a prefeitura se referia a pessoas que teriam tido quadros de hepatite alcoólica. A suspeita era de doença causada por uísque artesanal. Depois de um tempo, a Secretaria Municipal de Saúde começou a se referir a possível bebida alcoólica adulterada.

A polícia recolheu garrafas de produtos possivelmente falsificados. As bebidas, assim como exames das possíveis vítimas, foram levadas para análise. Até o momento, a prefeitura não identificou relação de possíveis causas da enfermidade entre os casos investigados, mas a apuração ainda não foi concluída.

Dez notificações são investigadas. Dessas, três pacientes continuam internados e dois morreram. Os cinco restantes são monitorados em casa.

Segundo a prefeitura, dentre os sintomas registrados estão: confusão mental, vômitos, dificuldade para falar, coordenação prejudicada, respiração lenta, palidez, diminuição da temperatura corporal, dificuldade para se manter acordado ou perda de consciência.