Chegamos aos últimos dias de 2023 e nesse período acontecem diversas festas e celebrações. Com elas se torna comum o uso de fogos de artifício e outros artefatos pirotécnicos que produzem barulhos. O que pode parecer uma maneira divertida e bonita de comemorar a passagem de ano, acaba gerando um desconforto muito grande para as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que possuem hipersensibilidade sensorial aos ruídos provocados pelos fogos.
Para se ter uma ideia, os fogos com estampido sonoro ultrapassam a emissão de 150 decibéis, marca superior aos decibéis liberados pelas turbinas de avião, que são aproximadamente 110 dB. Nossa equipe foi procurada por mães da Associação dos Pais e Amigos dos Autistas (APAA) que fizeram um apelo para a população que pretende soltar esses tipos de fogos.
Luciane Pontes, vice-presidente APAA, é autista e tem um filho autista, falou que quando o autista possui uma hipersensibilidade auditiva, o barulho dos fogos o deixa sensível e com isso a pessoa acaba tendo diversas crises. “O meu filho, por exemplo, grita, não consegue ouvir o barulho, precisa se esconder, tem que acalmar ele.”.
A mãe ainda preocupada relatou que numa crise mais intensa, seu filho e outras pessoas com TEA podem chegar a baterem a cabeça, divido ficarem agitadas por conta da hipersensibilidade provocada pelos estampidos. É como se eles escutassem todos os sons do ambiente de uma só vez sem focar a atenção em nenhum deles, provocando uma sobrecarga na audição.
Conforme a OMS, a poluição sonora se refere à exposição a sons acima de 85 decibéis por um longo período. Os fogos sem estampido sonoro (que não chega a 80 decibéis), portanto, não se enquadram na referida situação e não agravam a sensibilidade auditiva de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), crianças, idosos e animais.
Usar os fogos sem estampido, por exemplo, além de ser uma atitude empática, contribui para a inclusão das pessoas autistas que hoje em Juara são mais de 165 cadastradas. Segundo a vice-presidente da APAA, a maioria quer sim participar das queimas de fogos, mas por conta dos barulhos, isso não se torna possível por conta dos problemas causados a elas.
Eveline dos Santos, também faz parte da APAA, descobriu há 3 anos que seu filho é autista e já presenciou como é o sofrimento no momento da exposição a muita carga sonora. Ela pede para que àqueles que pensam que o autismo é frescura tenham duas atitudes: empatia + conscientização.
A palavra empatia (in = para dentro + pathos = sentimento) tem o sentido de sentir-se no lugar de alguém, pois, ante a dor do outro, é sentir-se no lugar daquele que sofre. A empatia nos torna sensíveis às dores do outro. Já uma pessoa consciente, neste sentido, é aquela que é responsável, que não age com negligência e que procura minimizar as consequências negativas dos seus próprios atos.