A quebra da safra de soja na Argentina provocada pelo escassez de chuvas pode ser a "salvação da lavoura" dos sojicultores em Mato Grosso que estão comercializando a soja com uma margem apertada, à cotação da saca em R$ 60, como tem sido a média da última semana no Estado.
A análise é do analista da Agroconsult, André Pessôa, durante o 7º Encontro de Previsão de Safra da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), realizado nesta quinta (1º), em Cuiabá.
“O principal fator que influenciará o preço da soja é o clima na Argentina. No início desta temporada, a expectativa era de uma safra na Argentina de 57 milhões de toneladas, hoje é de 47 milhões de toneladas. Existem previsões no mercado que estimam que a safra por lá chegue a 43 milhões de toneladas. Mas o que se pode afirmar é que a Argentina já deve ter perdido cerca de 10 milhões de toneladas de soja”, explica André Pessôa.
De acordo com o especialista, os efeitos da quebra de safra na Argentina serão sentidos principalmente pela demanda por farelo de soja, já que este é o segmento mais forte naquele país quando o assunto é exportação de soja. No Brasil, a expertise de mercado está baseada na exportação de grãos de soja, mas a demanda pelo farelo fará com que o país se beneficie deste cenário.
Outro fator, de acordo com Pessôa, é o ritmo da comercialização. “Quando se começou essa safra e até dias atrás, o ritmo da venda no Brasil estava muito menor do que nos anos anteriores. Poucos produtores venderam, e os que venderam, comercializaram baixos volumes. Nestes últimos dias, com a melhora do preço internacional e com o câmbio mantido em R$ 3,25, o preço em reais deu um alívio para impulsionar os produtores mato-grossenses a vender”, detalha André Pessôa.
Comumente, quando a cotação da saca da soja chega perto de R$ 50 em Mato Grosso, os produtores seguram a comercialização, enquanto que quando a cotação da saca se aproxima de R$ 60, como está agora, as comercializações voltam a se aquecer.
Previsões
Em relação à produção de soja no país, a previsão é que sejam produzidos cerca de 117,5 milhões de toneladas, sendo que Mato Grosso será responsável por 27,2% do total da produção nacional, com 32 milhões de toneladas.
O volume de soja produzida no Estado também será maior que na safra 2016/2017, quando foram 31 milhões de toneladas. Já a produtividade, de acordo com a Anec, deverá se situar nesta temporada na média de 56 sacas/ha, igual à safra anterior.
Quanto ao milho, a previsão para a segunda safra é de que haja uma queda na produção de pelo menos 12%, em Mato Grosso, baixando de 29,5 milhões de toneladas da safra 2016/2017 para 26,1 milhões de toneladas nesta safra 2017/2018.
No Brasil a queda na produção de milho segunda safra deverá ser de 7% na comparação com a safra anterior, passando de 68 milhões de toneladas para 64 milhões de toneladas.
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Previsão da 2ª safra do milho é de queda na produção de ao menos 12%, em MT, baixando de 29 milhões de t da safra anterior para 26 milhões de t na atual