As mulheres são a maioria no exercício da política em Mato Grosso, mas essa atuação se dá apenas nos papéis de eleitoras e de mesárias voluntárias. Do total de 2,49 milhões de pessoas aptas ao voto no estado, 51% são mulheres e 49% são homens, ou seja, o eleitorado possui 51,5 mil mais mulheres do que homens. Já entre os mesários e mesárias a diferença é maior. São 21.860 mulheres frente a 8.686 homens, ou seja, 72% frente a 28% do total de 30.547 pessoas voluntárias.
Também são elas que majoritariamente comparecem às urnas e exercem o direito ao voto. A taxa de abstenção é menor entre as mulheres, 22% contra 25% entre os homens. Com base nos dados referentes às Eleições Gerais 2022, a participação efetiva no dia da votação entre o público feminino foi de 985.096 contra 907.028 entre o eleitorado masculino.
O cenário muda quando o assunto é representatividade feminina entre pessoas candidatas e eleitas em Mato Grosso. Com base em 2022, do total de candidaturas, 34% (177) eram mulheres e 66% (347) eram homens. Naquele pleito, apenas uma mulher se candidatou ao cargo de governadora, já quatro homens participaram da disputa. Para o Senado Federal, nenhuma mulher se candidatou, enquanto entre os homens foram sete candidatos. A desproporção também é grande nos cargos para a Câmara Federal. Em Mato Grosso, se candidataram à vaga de deputado ou deputada federal 105 homens e 58 mulheres. Já para deputado ou deputada estadual foram 216 candidaturas masculinas, contra 113 femininas. A disparidade refletiu-se no resultado das eleições. Em 2022, duas mulheres foram eleitas deputadas federais e uma deputada estadual.
Com relação aos cargos municipais, foram eleitas 14 prefeitas, 25 vice-prefeitas e 228 vereadoras nas últimas eleições, em 2020. Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, três mulheres ocupam vagas na Casa de Leis. Se considerarmos desde a criação da Câmara de Cuiabá, em 1º de janeiro de 1727, já contando com as três mulheres atuais, apenas 12 vereadoras ocuparam assento como parlamentares.
“Nesta eleição, as legendas devem divulgar em sua página na internet o valor total do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e os critérios para distribuição a candidatas e candidatos. Além disso, entre os destaques temáticos, o texto aprovado pelo TSE e que rege esta eleição de 2024 aborda elementos caracterizadores de fraude à lei e à cota de gênero. Vamos aplicar com rigor as normas e tomar providências que visem o combate à violência política de gênero”, destaca a presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), desembargadora Maria Aparecida Ribeiro.
Partidos políticos
Mato Grosso possui, atualmente, 344,7 mil pessoas filiadas a partidos políticos. Neste universo, a participação feminina também é menor: 45% de mulheres frente a 55% de homens. São 34,4 mil homens a mais do que mulheres filiadas a algum partido político. Um dos motivos para esse cenário pode ser a jornada desigual do trabalho não remunerado, como ressalta a vice-presidente do TRE-MT e corregedora regional eleitoral, desembargadora Serly Marcondes Alves.
“São dados que precisariam de uma investigação mais aprofundada, mas nós sabemos que a nossa sociedade é organizada a partir de uma estrutura em que as mulheres são ensinadas para o cuidado, seja com a casa, o marido ou os filhos. É um trabalho não remunerado, cuja maior parte recai, na maioria das vezes, para nós, mulheres. Para as que trabalham fora de casa, ainda tem essa dupla jornada, às vezes até tripla, então, é algo que influencia em toda sua carreira e, como podemos ver, na atuação política também”, avalia a corregedora.
Com o objetivo justamente de incentivar a participação feminina na política, para além da questão do voto, o TRE-MT tem desenvolvido ações internas e externas, como palestras de conscientização; o projeto Roda de Conversa, lançado pela Corregedoria Regional Eleitoral (CRE-MT) em outubro de 2023; e a implantação da Ouvidoria da Mulher, focada no recebimento de denúncias específicas para casos de violência política de gênero e outros relacionados à atuação da mulher na política. As denúncias serão recebidas pelo 0800 647 8191.