A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) realizou uma operação no bairro da Glória, em Vila Velha, com o objetivo de combater uma organização criminosa que ofertava falsos cursos de mestrado e doutorado e serviços de revalidação de diplomas no Estado. As informações sobre o esquema criminoso foram repassadas em uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (19).

De acordo com o delegado Alan Moreno de Andrade, titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (DEFA), a organização criminosa teve início em meados de 2021 — quando o Ministério Público do Rio Grande do Sul fechou uma rede de ensino que possuía um polo em Cariacica e aplicava golpes semelhantes.

Com o fechamento da instituição, um suposto aluno se juntou à outro indivíduo e, sabendo como a rede de ensino funcionava, resolveu fundar uma nova empresa no Espírito Santo.

De acordo com a polícia, o suspeito vendia a promessa de conseguir validar e, em alguns casos, revalidar diplomas da instituição fechada do Rio Grande do Sul, que se dizia ser dos Estados Unidos.

"Essa investigada, hoje, tem licença no estado da Flórida (nos Estados Unidos) para que ela possa ministrar cursos religiosos. Em tese, ela poderia ministrar apenas teologia, mas ofertava cursos de mestrado e doutorado", explicou o delegado.

Os alunos da empresa do Rio Grande do Sul foram procurados pelos suspeitos, que buscavam dar continuidade ao golpe, agora, no Espírito Santo. De acordo com a investigação, cada aluno recebeu uma cobrança no valor de R$ 50 mil — para que os diplomas, que eram produzidos nos Estados Unidos, passassem a valer no Brasil.

A PCES descobriu o esquema no Estado através da denúncia de duas professoras da Serra. Elas, que foram alunas da instituição, descobriram que o diplomas que receberam era falso ao tentar solicitar, na Secretaria de Educação (Sedu), uma elevação de nível. No processo, elas pagaram o valor de R$ 50 mil para a falsa instituição de ensino.

A polícia entrou em contato com uma faculdade de São Paulo, que seria a responsável pela revalidação do certificado. A instituição de ensino negou qualquer vínculo com a empresa capixaba e, então, a investigação teve início. A falsa empresa não possuía nenhuma autorização ou validação do Ministério da Educação (MEC) ou da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Na organização criminosa, dois golpes eram aplicados: algumas vítimas realizavam os cursos, que possuíam professores e aulas online e gravadas e, ao final da formação, descobriam que o diploma não era válido. Outras, pagavam altos valores para revalidarem diplomas do exterior, o que não era cumprido.

"Temos casos de autoridades que realizaram cursos em Buenos Aires (Argentina) e pagaram R$ 10 mil para revalidar esse diploma, enviaram os diplomas originais para o Espírito Santo e esses indivíduos sumiram com os diplomas", contou o delegado.

Operação

A primeira etapa da operação, que recebeu o nome de "Sem efeito", ocorreu no dia 29 de janeiro. No local, foram apreendidos centenas de diplomas com nomes de estudantes, materiais utilizados para a confecção dos diplomas, e outros itens utilizados pela organização criminosa.

Além das buscas, a Justiça determinou a suspensão da atividade econômica da empresa, o bloqueio de todas as contas bancárias da instituição financeira e dos sócios, além do bloqueio de veículos automotores que eles possuírem. Ainda não foram realizadas prisões. No entanto, a polícia procura mais vítimas para ampliar a investigação. Até o momento, somente duas vítimas foram localizadas — mas a polícia possui a informação de que a turma de que elas faziam parte possuía, ao menos, 20 alunos.

A investigação identificou, até então, 4 pessoas que fazem parte do esquema criminoso. Seriam dois chefes, uma suposta advogada e uma pessoa responsável pela parte operacional, confeccionando os diplomas falsos.