O cenário positivo de 2017, deve ser mantido na safra 2018 para a cultura do algodão em Mato Grosso. Boa parte já está sendo plantada e vendida a preços muito bons, o que representa uma expectativa de produtividade e rentabilidade alta. A perspectiva foi dada pelo CEO da Agroconsult, André Pessôa, durante o 7º Encontro de Previsão da Safra ANEC/ANEA, realizado em Cuiabá (MT).
“Os produtores mudaram pacotes de tecnologias produtividades e houve um crescimento de 20% da safra 2016/2017 comparada à safra anterior. A rentabilidade da lavoura do ano passado, combinou com os bons preços do mercado internacional que com a não subida do custo de produção, chegou a registrar baixa, somado a produtividade permitiu uma expectativa satisfatória para essa próxima safra”, esclareceu.
Ao destacar o estado no qual foi realizado o evento e que possui a alcunha de “Celeiro do País”, Pessôa disse que Mato Grosso tem um diferencial: “antes o algodão era de verão, ou seja, competia com a soja. Agora passou a ser preponderantemente da safrinha. E mais de 90% da produção estão competindo com o milho, que está com a margem de rentabilidade muito apertada – tanto que no Estado, o algodão está batendo novo recorde devido a melhor rentabilidade e a uma concorrência enfraquecida do milho”, analisa.
A opinião foi compartilhada pelo presidente da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (ANEA), Henrique Snitcovski, que está otimista com a previsão da safra do algodão e a participação mato-grossense na produção nacional. “Na nossa visão, o ano será bom para a exportação. A safra 2017 foi de 1,6 milhão de tonelada e exportou 50% dessa produção. Para de 2018, esta estimativa é de 1,8 milhão e a exportação deve atingir pelo menos 50% da safra”, acredita.
Argentina pode salvar produção de soja brasileira
A falta de chuva na Argentina, pode ser a “salvação da lavoura” para os produtores em Mato Grosso. A escassez poderá contribuir para que a soja seja comercializada a R$ 60,00 a saca, como já ocorre nesta última semana. De acordo com André, no inicio da temporada, a expectativa era de 57 milhões de toneladas, hoje é de 47 milhões e o mercado estima que pode chegar a 43.
“Mas o que se pode afirmar é que a Argentina já deve ter perdido cerca de 10 milhões de toneladas de soja devido ao clima”, disse Pessôa. Os efeitos na Argentina serão sentidos principalmente na demanda pelo farelo da soja, já que o segmento é o mais forte naquele país.
Outro fator, é o ritmo da comercialização, já que no começo da safra no Brasil, poucos produtores venderam, e os que venderam comercializavam baixos volumes. “Com a melhora do preço internacional e com o câmbio mantido em R$ 3,25, o preço em reais deu um alívio para impulsionar os produtores mato-grossenses a vender”, avalia.
De acordo com os dados apresentados por Pêssoa, o país deve chegar a 117,5 milhões de toneladas da oleaginosa e a 32 milhões em Mato Grosso – no estado, a produtividade media deve chegar a 56 sacas por hectare, contra as 55,5 da safra passada.
Milho é preocupação
Já a preocupação com a safra do milho se deve ao atraso na colheita da soja que antecede o cereal. “As chuvas tardias atrasaram o plantio do milho e nem todos os produtores conseguiram plantar o milho na janela ideal. E o milho plantado a partir de março corre mais riscos de faltar chuva”, falou Pessoa.
Com isso, o produtor pisa no freio e investe menos em insumos e nível tecnológico, o que aponta para uma produtividade menor. “Mas no ano passado, a produção foi recorde”, pondera o CEO da Agroconsult, ao considerar uma redução de cerca de 2 a 3% da área plantada, chegando a 25 milhões de toneladas. A produção 2016/2017 foi de 29 milhões de toneladas.
FONTE: Assessoria