Em nossa sociedade contemporânea, a cultura da aparência reina soberana, ditando valores e moldando comportamentos. O superficial se sobrepõe ao essencial, o efêmero ao duradouro, a forma ao conteúdo. Vivemos em um mundo onde as roupas valem mais que o corpo que as veste, onde o funeral se torna mais importante que o defunto que é velado, onde a festa de casamento ofusca o próprio matrimônio.
Essa inversão de valores se manifesta em diversas esferas da vida social. Nas redes sociais, a busca incessante por likes e seguidores alimenta a necessidade de exibir uma vida perfeita, mesmo que artificial. A imagem projetada se torna mais relevante que a realidade vivida.
Na moda, a obsessão por tendências e marcas transforma as roupas em símbolos de status, em detrimento do conforto e da individualidade. O corpo se torna um mero cabide para exibir grifes, um objeto a ser moldado e esculpido para se encaixar em padrões estéticos inalcançáveis.
Nos relacionamentos, a aparência física muitas vezes se sobrepõe às qualidades interiores. A beleza se torna um critério de seleção, um filtro que exclui aqueles que não se encaixam nos ideais de beleza vigentes. O amor se torna superficial, baseado em aparências passageiras.
Essa cultura da aparência tem consequências nefastas para a sociedade. Ela gera ansiedade, insegurança e baixa autoestima em indivíduos que não se encaixam nos padrões impostos. Alimenta o consumismo desenfreado, a busca incessante por produtos e serviços que prometem beleza e juventude eterna. E, acima de tudo, nos afasta do que realmente importa: a essência humana, a autenticidade, os valores que transcendem a superficialidade.
É preciso resgatar o valor do que é genuíno, do que é real. Valorizar o corpo como templo da alma, o funeral como momento de despedida e reflexão, o casamento como união de almas que se amam. Reconhecer que a beleza vai além da aparência física, que a verdadeira riqueza está nas qualidades interiores, nos valores que cultivamos e nas relações que construímos.
A cultura da aparência é uma ilusão que nos aprisiona em um mundo de superficialidades. É hora de despertar para a realidade, de redescobrir a beleza da autenticidade e da simplicidade. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa, mais humana e mais feliz.
Simoni Bergamaschi
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