O que inicialmente foi tratado como um acidente de trânsito com vítima fatal no distrito de Conselvan, Aripuanã, acabou se revelando um trágico caso de feminicídio. A vítima, Daiane Pacirco da Silva, teria caído de uma motocicleta segundo relato do marido, Diony Marcos Luna Louvo, mas a investigação revelou um cenário bem mais sombrio.
A Polícia Civil de Mato Grosso esclareceu o caso após a realização de uma necropsia no corpo de Daiane, que foi trazido para Juína. A perícia constatou uma perfuração por arma de fogo, levantando suspeitas imediatas sobre a versão inicial apresentada pelo marido. Diante dos novos fatos, o delegado Marco Remuzzi, então responsável pela delegacia de Aripuanã, solicitou a prisão preventiva de Diony, prontamente deferida pelo Poder Judiciário.
Em entrevista concedida hoje em Juína, o Dr. Marco Remuzzi detalhou o caso. "A Polícia Civil de Aripuanã foi comunicada, no dia 30, por volta das 22 horas, de um suposto acidente de trânsito. A ocorrência chegou na delegacia na madrugada do dia 1º, quando os policiais militares encaminharam o marido como testemunha do acidente", explicou Remuzzi. "No entanto, desconfiamos da versão apresentada, especialmente após o médico local apontar inconsistências nas informações. Encaminhamos o corpo para a Politec, onde foi realizado o exame necroscópico, revelando que Daiane havia sido morta por um disparo de arma de fogo."
Com a confirmação do feminicídio, a prisão preventiva de Diony foi decretada no mesmo dia. "Iniciamos diligências para localizar o suspeito, que havia se foragido. Hoje, ele se apresentou na delegacia de Aripuanã e foi preso. Durante buscas domiciliares, localizamos várias armas de fogo, incluindo a supostamente utilizada no crime, que será submetida a perícia na Politec", informou o delegado.
No interrogatório, Diony apresentou uma versão desconexa, alegando que estava na garupa da motocicleta e efetuando disparos de arma de fogo por brincadeira. Ele negou ter encostado a arma no rosto da vítima, apesar de o laudo necroscópico indicar claramente que o tiro foi a queima-roupa. "Não há dúvida de que houve dolo na conduta de cometer o feminicídio", afirmou Remuzzi.
As investigações estão em fase avançada, mas ainda há pontos a serem esclarecidos. "Ainda precisamos ouvir algumas testemunhas e esclarecer alguns detalhes. Embora ninguém tenha relatado conflitos prévios entre o casal, seguimos investigando para elucidar todos os aspectos do caso", concluiu o delegado.
O crime chocou a comunidade de Conselvan e Aripuanã, especialmente pela tentativa inicial de encobrir o feminicídio como um acidente. Diony Marcos Luna Louvo encontra-se preso preventivamente e deverá responder pelo crime de feminicídio.